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Entidades empresariais mostram que salário regional prejudica a competitividade do RS

"O aumento do salário mínimo regional diminui ainda mais a competitividade do Rio Grande do Sul diante de outros Estados e países. Este ônus acaba sendo disseminado para toda a sociedade", alertou o presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), Heitor José Müller, após a entrega da Carta Aberta elaborada pelas entidades empresariais do Estado ao presidente da Assembleia Legislativa, Alexandre Postal. O documento, assinado pela FIERGS, Farsul, Federasul, Fecomércio e FCDL, encaminhado nesta quarta-feira (8), mostra que, dos 27 Estados brasileiros, apenas cinco mantêm a prática do piso regional, dentre estes o Rio Grande do Sul, que está na última posição no comparativo nacional em investimento público no País.

As entidades alertam os deputados para "o fato de que cada voto favorável à proposta do Executivo será um voto contra o desenvolvimento do Rio Grande do Sul, reduzindo as nossas chances de criação de novos empregos e de geração de renda para a sociedade". Segundo o documento, a expectativa é de que o "tema seja avaliado em todas as suas repercussões econômicas e sociais, sempre considerando a necessária e urgente elevação da competitividade do Rio Grande do Sul".

O presidente da Assembleia Legislativa, Alexandre Postal, afirmou que encaminhará o assunto para ser analisado junto às lideranças das bancadas. "Temos que nos unir para levar o Estado para a frente", afirmou Postal.

FIERGS compara Piso Regional com Salário Mínimo Nacional

Dados da Unidade de Estudos Econômicos da FIERGS mostram que, neste ano, a antecipação do piso estadual para 1º de março significa dois aumentos em 10 meses, tendo em vista que, no ano passado, o mesmo ocorreu em maio. O percentual de 14,75%, em um período em que a inflação, segundo estimativas, chegará a 4,2% (INPC acumulado entre maio de 2011 e fevereiro de 2012), representa um ganho real para o trabalhador de 10,13%.

Esse aumento real é obtido através da diferença entre o percentual a ser reajustado e a inflação ocorrida desde a última elevação. Segundo o trabalho da FIERGS, a antecipação da data-base causa significativas diferenças entre o valor concedido no Estado e aquele praticado no País.

O salário mínimo nacional foi aumentado por uma regra que soma o crescimento do PIB de 2010 à inflação acumulada em 2011, totalizando um reajuste de 14,13%.

Em termos brutos, o índice do piso regional gaúcho é superior ao nacional em 0,62 pontos percentuais. Entretanto, o diferencial inflacionário fará com que o ganho real obtido seja maior em 2,54 pontos percentuais. O salário mínimo do Brasil é de R$ 622,00. O do Rio Grande do Sul, em sua faixa mais baixa, ficará em R$ 700,00, ou seja, 12,5% superior.

O estudo elaborado pela FIERGS destaca que as elevações salariais acima do ganho da produtividade têm sido uma persistente tentativa de estimular a economia via consumo. Todavia, aumentar salários e manter a mesma quantidade de produtos tem como efeito a elevação de custos, que podem ser transferidos para os preços. Portanto, o principal efeito desse desequilíbrio é a inflação. Na indústria, o aumento dos preços tem sido amenizado devido ao grau de abertura comercial, permitindo que produtos importados entrem no mercado nacional, inibindo o repasse dos custos para os preços finais. Desta forma, o setor produtivo nacional, em especial aquele intensivo em mão de obra, é o mais penalizado com a medida adotada.

Publicado quarta-feira, 8 de Fevereiro de 2012 - 0h00