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Com uma população de 1,4 bilhão e um PIB próximo dos US$ 3 trilhões, a Índia precisa ser vista não apenas como um grande mercado consumidor, mas também com o que tem a oferecer como importante parceiro comercial para empresas brasileiras, destaca o embaixador do país asiático no Brasil, Suresh K. Reddy. Ele foi recebido na Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS) pelo presidente Gilberto Porcello Petry e participou, na tarde desta segunda-feira (24), do evento Índia-Rio Grande do Sul – Oportunidades de Negócios, na sede da entidade. Segundo Reddy, em um país cuja economia cresce rapidamente, e que até o ano de 2025 deverá ser a segunda do mundo, atrás apenas da China, “é uma janela de oportunidades” que não deve ser desprezada pelo empresário brasileiro.

O embaixador cita grandes multinacionais indianas, como a Tata e a Mahindra, esta última com uma fábrica de implementos agrícolas instalada em Dois Irmãos, no Rio Grande do Sul, como exemplos de indústrias altamente tecnológicas e que têm unidades no Brasil. Somente a classe média indiana, salienta o embaixador, composta por cerca de 300 milhões de pessoas, é maior do que a população brasileira, mas o país não é apenas um grande consumidor de geladeiras, diz. Em sua fala, Reddy mostrou as diferentes oportunidades que a Índia pode proporcionar. Atualmente, o país investe muito em infraestrutura física e conclui 35 quilômetros de estradas asfaltadas diariamente. Será US$ 1,4 trilhão a ser gasto em infraestrutura nos próximos cinco anos. “Viemos aqui para buscar parceiros e identificar mercados, somos a economia do G20 que cresce mais rapidamente, o potencial de cooperação é imenso”, disse, lembrando ainda que a Índia fabrica os trens de alta velocidade Vande Bharat e irá lançar uma espaçonave para a lua nos próximos anos.

Suresh K. Reddy destacou que a Índia tem deficiência em madeira, e que dos US$ 2,27 bilhões importados mundialmente, apenas US$ 75 milhões vêm do Brasil. Ele lembrou também de outros produtos bastante adquiridos pela Índia, como talheres e frutas frescas, cuja participação brasileira é mínima e há condições de ser ampliada.

Para o presidente da FIERGS, a Índia é um dos países que mais investe em tecnologia, e o Rio Grande do Sul possui um sistema empreendedor robusto e uma sólida base industrial. “Ambos possuem na inserção internacional um aspecto importante do desenvolvimento, e o atual cenário traz grandes oportunidades. Nesse sentido, quero assinalar o compromisso desta Casa para a consolidação do Acordo de Comércio Preferencial estabelecido entre o Mercosul e a Índia”, afirmou Gilberto Porcello Petry.

Em 2022, a corrente de comércio entre o Brasil e a Índia superou os US$ 15 bilhões, um incremento de 31,4% na comparação com o ano anterior. Nas trocas com o Rio Grande do Sul, a corrente ultrapassou os US$ 917 milhões, uma elevação de 90,8% sobre o ano 2021. A índia é o 10º destino das exportações brasileiras, e o quinto país de origem das importações.

Já o segundo secretário da embaixada, Suraj Anantha Jadhav, afirmou que a razão para o crescimento da Índia nos últimos anos se deve, basicamente, ao alto investimento do país na educação, especialmente a de nível superior. Hoje, o país forma 200 mil engenheiros por ano, suprindo, em muitos casos, as demandas de empresas de diferentes países.

O evento ainda apresentou os depoimentos do diretor da Perto S.A., Jose Luis Korman; e do diretor de negócios internacionais da Marcopolo, José Luiz Goes; duas empresas gaúchas que há décadas mantêm negócios na Índia. Já o COO (Chief Operation Officer) da Mahindra Brasil, Anderson Melo, falou sobre as atividades da indústria no Brasil, que desde 2016 possui a planta em Dois Irmãos. Anderson adiantou que, dentro de no máximo 15 dias, será anunciada a cidade onde ficará localizada a nova fábrica da empresa, com 14 mil metros quadrados de área construída no Rio Grande do Sul.

O coordenador do Conselho de Comércio Exterior (Concex) da FIERGS, Aderbal Lima, mediou os debates. O evento teve ainda a participação do secretário de Desenvolvimento Econômico do Rio Grande do Sul, Ernani Polo, e do vice-presidente do Centro das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (CIERGS), Mauro Bellini.

 

 

 

 

 

Publicado segunda-feira, 24 de Julho de 2023 - 18h18