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A crise energética do País prejudica a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional e reduz a capacidade de atração do Brasil para investimentos estrangeiros. “Essas razões são suficientes para nos reunirmos na busca de ideias que nos levem a avançar em dois pontos principais: a mais rápida ampliação da matriz de geração de energia, incorporando, por exemplo, o carvão mineral; e a redução das contas das indústrias por meio de programas de eficiência energética”, enfatizou presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), Heitor José Müller, durante a Reunião sobre Energia realizada nesta quinta-feira (12), na sede da entidade. Na ocasião, o presidente anunciou a implantação pela FIERGS do Balcão de Eficiência Energética, que dará suporte ao setor industrial na busca de soluções para proporcionar economia do insumo, com alternativas em tecnologia e inovação. O Balcão, que entra em operação na primeira semana de março, será formatado pelo Conselho de Infraestrutura (Coinfra) e a operação será feita pela Rede de Institutos e de Centros Tecnológicos do Senai do Rio Grande do Sul.
 
O encontro reuniu também diretores da FIERGS, empresários, políticos, secretários de Estado e representantes de entidades ligadas à área. O coordenador do Conselho de Infraestrutura da FIERGS, Ricardo Portella Nunes, entre diferentes propostas para contribuir para uma melhora na questão energética brasileira, ressaltou que alguns conceitos no setor elétrico precisam ser revistos, entre eles o que envolve o carvão mineral, cuja reserva no Rio Grande do Sul é pouco explorada. “No mundo todo é utilizado 24 horas por dia, e aqui no Estado não podemos usar”, disse ele. 
 
De acordo com o coordenador do Grupo Temático de Energia do Coinfra, Edilson Deitos, é preciso uma maior agilidade nos licenciamentos ambientais, que desestimulam o empreendedor a investir no segmento e provocam insegurança jurídica, afastando interessados dos leilões de energia.
 
O secretário de Minas e Energia, Lucas Redecker, prometeu que até o início de 2016 o governo do Estado irá elaborar o Plano Energético do Rio Grande do Sul, “com apontamento das principais necessidades de investimento e processos em licenciamento”. Ele afirmou que a sua secretaria tem de interagir com a do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, comandada por Ana Pellini. Ela antecipou que nessa gestão tentará buscar por meio de Câmaras de Consensualidade (reunindo diferentes setores envolvidos na questão ambiental) uma maior agilidade nos licenciamentos. As análises deverão ser feitas por grupos, por exemplo, região do Estado ou semelhança de projeto, e não mais de forma individual. “Temos 13 mil processos para examinar atualmente”, informou Ana Pellini.
 
Representante do presidente da Assembleia Legislativa, Edson Brum, a deputada Any Ortiz declarou que irá se engajar para o Legislativo discutir novos projetos de geração de energia para o Rio Grande do Sul, inclusive com a utilização de carvão mineral, cujas reservas gaúchas chegam a 90% do total do País.
 
A reunião abriu espaço também para manifestações de representantes de entidades. O presidente do Conselho Superior da Agenda 2020, Humberto Busnello, criticou a falta de planejamento que levou o Brasil à crise energética que atravessa neste momento. E pediu à secretária Pellini que priorize o agrupamento dos projetos na área energética, como os das Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs).
 
Dirigente da Associação Brasileira do Carvão Mineral (ABCM), Carlos Weinschenk de Faria assegurou que hoje a tecnologia avançou o suficiente para garantir uma produção limpa de energia a partir do mineral em todo o seu processo, até mesmo na extração. Luis Antônio de Leão, presidente Associação Gaúcha de PCHs, lembrou que a situação energética no Estado poderia ser menos grave, pois 125 projetos de PCHs ainda aguardam licenciamento ambiental.
 
O presidente da Câmara Brasileira de Logística e Infraestrutura, Paulo Menzel, fez um alerta e disse ser “dramática” a situação energética no País. Segundo ele, “se reunirmos toda a água disponível hoje em nossos reservatórios e mantivermos o mesmo consumo, teríamos energia para 26 dias", sugerindo que todos passem a poupar energia a partir de iniciativas começando por suas residências. O professor Odilon Francisco Duarte lamentou a demora do governo federal para começar a tomar as medidas necessárias e evitar a crise.
 
Crédito da Foto: Dudu Leal 

 

Publicado quinta-feira, 12 de Fevereiro de 2015 - 17h17