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Congresso debate relações comerciais entre nações e blocos econômicos

Um novo cenário nas relações comerciais vem se desenhando com a aceleração das economias em desenvolvimento, que têm registrado taxas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) acima das nações desenvolvidas. Segundo o diretor de Relações Internacionais do Ministério das Relações Exteriores (MRE), embaixador Evandro Didonet, essa alteração foi registrada especialmente a partir da crise financeira mundial, iniciada em 2008. Para debater esse panorama e as perspectivas para o pós-crise financeira, a FIERGS, por meio do Centro Internacional de Negócios (CIN-RS), e a Confederação Nacional da Indústria (CNI), deram início, na manhã desta quinta-feira, ao Congresso Internacional de Cooperação − União Europeia e América Latina. Contando com a presença das mais importantes personalidades que estudam e trabalham com o tema das relações bilaterais, o evento reuniu mais de mil participantes, no Teatro do Sesi, em Porto Alegre.

Convidado a falar sobre a recuperação da credibilidade nas relações multilaterais, Evandro Didonet destacou a posição favorável do Brasil e demais países do Mercosul frente aos países desenvolvidos. Em sua visão, a crise ainda não está superada para as nações mais ricas. Ao aprofundar o conceito de multilateralismo, o embaixador afirmou que, desde 1995, o processo apresenta-se no centro da política comercial brasileira. Segundo Didonet, o sistema, que estende concessões a vários países, tem favorecido o Brasil, com estabelecimento de regras estáveis e resistentes.

Ao traçar um panorama da economia mundial, o embaixador apresentou as previsões para 2010, destacando a importância das rodadas de Doha e de São Paulo, a partir das quais os países integrantes esperam reduzir os picos tarifários, o que beneficiaria as exportações em setores como os de calçados e têxteis. O palestrante anunciou previsão de crescimento nas economias dos países em desenvolvimento: "Estamos assistindo a um novo mundo e temos que estar atentos". Citou o salto do mercado chinês e a instabilidade norte-americana. "Pela primeira vez, os Estados Unidos perderão a posição de principal importador de produtos brasileiros, lugar que passou a ser ocupado pela China", destacou. Em 2008, a média de crescimento do PIB dos países desenvolvidos ficou abaixo de 2% ou negativa − Estados Unidos (1,1%), Alemanha (1%), Reino Unido (0,7%) e Japão (− 0,7%), por exemplo −, enquanto aqueles em desenvolvimento cresceram acima de 5% − Brasil (5,1%), China (9%), Índia (7,4%) e Rússia (5,6%).

O presidente da FIERGS, Paulo Fernandes Tigre, afirmou que o País vive um período propício para a análise da inserção internacional das empresas. Embora a entidade esteja alinhada à Coalizão Empresarial Brasileira, cuja ênfase é direcionada a negociações regionais, ele frisou a necessidade de ampliar as relações com outros blocos econômicos. "Em face das recentes dificuldades, desafios e assimetrias econômicas e políticas no Mercosul, também vislumbramos alternativas que superem os gargalos regionais no sentido de avançar na relação comercial com a União Europeia", observou.

Também participaram da cerimônia de abertura o representante da ABDI, Claynton Campanhola, e o assessor de cooperação da Delegação da Comissão Europeia no Brasil, e gestor da Paipme (Apoio a Projetos Específicos de Internacionalização de Pequenas e Médias Empresas e Grupos de Pequenas e Médias Empresas Brasileiras), José Moutta.

Publicado quinta-feira, 12 de Novembro de 2009 - 0h00