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“Donald Trump se elegeu com um discurso que defendia uma agenda de maior protecionismo comercial. Resta saber se o discurso de campanha será levado em frente ou se foi apenas uma manobra eleitoral”, comenta o presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), Heitor José Müller, sobre a expectativa do setor para o mandato do novo presidente dos Estados Unidos.
 
Segundo Müller, os efeitos de longo prazo dependerão do próprio comportamento de Trump. Para o Rio Grande do Sul, o presidente da FIERGS avalia que as relações comerciais com os Estados Unidos não podem ser vistas isoladamente, uma vez que a política comercial compete à administração federal. “Como a corrente de comércio com o Brasil é bastante pequena, o País não deve sofrer algum tipo de sanção pontual na relação com os americanos. As promessas de aumento dos impostos de importação de países como a China podem abrir espaço para o crescimento das vendas externas do nosso Estado, mas o efeito deve ser limitado pela falta de competitividade das nossas mercadorias causada pelos elevados custos de produção e exportação”, destaca.
 
Além disso, diz Heitor José Müller, dificilmente será visto qualquer acordo comercial negociado com o Brasil (ou entre países da América Latina) ao longo da administração Trump. Suas prioridades na política externa são as relações comerciais com a China e o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta), que envolve Canadá e México.
 
Em um primeiro momento, os principais países afetados por este protecionismo seriam China e México, importantes parceiros americanos. Durante a campanha, Trump destacou que pretendia rever tarifas e acordos com os chineses. Já os mexicanos têm sua economia muito dependente do país vizinho. Entretanto, o industrial acredita que o novo presidente dos EUA se mostrará bem mais aberto ao diálogo com as nações, pois a habilidade de negociação é uma de suas características, como empresário de sucesso.
 
Em 2016, o saldo comercial do Brasil com os Estados Unidos terminou negativo em US$ 647 milhões. Foram US$ 23,2 bilhões em exportações e US$ 23,8 bilhões em importações. Em relação ao Rio Grande do Sul, o Estado teve um saldo positivo de US$ 466 milhões (US$ 1,23 bilhão em vendas e US$ 761 milhões em compras). Os setores gaúchos que mais tiveram participação nas exportações para os EUA foram Produtos químicos (18,2%), Tabaco (15,9%) e Couro e calçados (13,7%).
 
Crédito foto: Depositphotos.com
 
 
Publicado sexta-feira, 20 de Janeiro de 2017 - 15h15