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Para ganhar espaço no mercado que revela um consumidor cada dia mais exigente e cuidadoso com o que leva para casa, a indústria da alimentação necessita “agregar valor”. Cientes disso, empresários, executivos, técnicos e especialistas nacionais e internacionais do segmento participaram, nesta semana, do workshop Inovação e Tendências em Segurança de Alimentos, na Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), em Porto Alegre. Cursos, palestras e painéis fizeram parte da programação, que teve os temas gestão para segurança, risco microbiológico, resíduos e contaminantes, entre outros.
 
“Para termos um cliente fidelizado, precisamos segurança de alimentos”, enfatizou o coordenador do Conselho da Agroindústria (Conagro) da FIERGS, Marcos Oderich. Isso inclui, segundo ele, itens como análise de riscos, cumprimento da legislação e rastreabilidade dos produtos. De acordo com Oderich, a demanda da indústria gaúcha do setor foi atendida com a implantação do Instituto Senai de Tecnologia em Alimentos e Bebidas, localizado em Porto Alegre. Segundo o diretor-regional do Serviço Nacional de Aprendizagem industrial (Senai-RS), José Zortéa, “o Rio Grande do Sul está bastante atento a um de  seus principais produtos, que é o alimento, com foco na segurança, um aspecto muito importante”. Por isso, de acordo com ele, eventos como o workshop realizado são fundamentais para que, da troca de ideias entre especialistas surjam ações concretas a colocar o Estado como um paradigma neste campo.
 
A cultura de segurança de alimentos foi o tema abordado pelo consultor da Liner Consultoria, Marcus Vinicius de Oliveira, que atua nas áreas de sistemas de gestão, aconselhamento e inteligência organizacional em empresas do setor. Ele avaliou o modelo Frank Yannas de gestão de segurança de alimentos e defendeu a importância da atitude do ser humano no contexto. “Nosso comportamento é modelado por memória celular que repete padrões de cinco gerações. Por isso, é necessária a utilização de ferramentas capazes de mudar esse padrão e a mudança só acontece com a repetição dos erros”, destacou. 
 
Conforme o consultor, o modelo Frank Yannnas tem pontos positivos como aumento na criatividade e inovação, melhora na qualidade de liderança e colaboração dos envolvidos. Mas precisa considerar limitações culturais em nosso País. Sua ampliação envolve a criação e ferramentas de inteligência de gestão, o trabalho com as potencialidades das pessoas, a inteligência espiritual e a adoção de padrões vibracionais para mudanças profundas, serenas, rápidas e extensas. “A cultura de segurança está muito pausada nos modelos tradicionais de normas técnicas. Este direcionamento esvazia as necessidades reais percebidas pelos gestores no aprofundamento e na consciência da segurança de alimentos”, explicou.   
 
Já a pesquisadora sênior em segurança de produtos in natura no Centro de Edafología y Biología Aplicada del Consejo Superior de Investigaciones Científicas, da Espanha, Ana Allende, falou sobre o risco microbiológico associado aos produtos vegetais: da produção ao processamento. Segundo ela, “os problemas relacionados com o consumo de vegetais afetam cada vez mais pessoas e provocam mais hospitalizações”. Para tentar minimizar esses riscos, o processo de armazenamento desses alimentos é fundamental. “As empresas precisam prestar muita atenção nesse quesito. Uma vez contaminado, o agente patogênico não pode ser removido no processo de lavagem”, complementa. Já Tejas Bhat, do Institute of Food Technologists, falou sobre o cumprimento da legislação versus o retorno do investimento.
 
 
Foto: Dudu Leal 
 
Publicado sexta-feira, 27 de Março de 2015 - 14h14