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O Sindicato da Indústria de Energias Renováveis do Rio Grande do Sul (Sindienergia-RS) sediou na tarde de sexta-feira (13) a apresentação oficial do Aura Sul Wind, o primeiro projeto-piloto de energia eólica offshore flutuante do Brasil. Liderada pela empresa japonesa JB Energy, a iniciativa é fruto de um consórcio internacional que reúne empresas, entidades e governos, e prevê a instalação de uma plataforma em águas profundas, próxima ao porto da cidade de Rio Grande (RS), para iniciar sua fase de testes a partir de 2030.
 

A novidade representa um passo inicial importante rumo à estruturação da indústria brasileira de energia eólica offshore, com foco em fundações flutuantes. “É um marco não apenas para o setor, mas para toda a economia do Sul. Este projeto reforça a posição do Rio Grande do Sul como polo estratégico de inovação e transição energética no Brasil”, afirma Daniela Cardeal, presidente do Sindienergia-RS, entidade que também integra o consórcio.

Durante o evento, as entidades envolvidas firmaram uma Carta de Intenções, formalizando o compromisso com a estruturação do projeto e a busca conjunta por fontes de financiamento. “Esse é o primeiro passo de um processo transformador. Com a expertise internacional e a força produtiva do Sul, o Brasil pode se tornar protagonista global em energia eólica offshore flutuante”, aponta Rodolfo Gonçalves, especialista em energia eólica offshore, conselheiro da JB Energy e professor da Universidade de Tóquio, no Japão, que liderou a apresentação técnica do projeto e idealizou a formação do consórcio.

Plataforma flutuante: tecnologia validada internacionalmente e adaptada ao Brasil

A plataforma flutuante a ser utilizada no projeto é baseada na tecnologia Raijin FOWT ® (floating offshore wind turbine), desenvolvida no Japão, país onde projetos-piloto de plataforma para eólica offshore flutuante já operam com sucesso desde 2013. Projetada para águas profundas (acima de 50 metros), onde fundações fixas não são viáveis, a Raijin FOWT ® se destaca por sua estrutura modular de concreto armado. Uma alternativa que reduz em até 50% tanto o custo quanto o tempo de construção, além de 50% da emissão de carbono, quando comparada a estruturas similares em aço.

“A grande vantagem deste sistema flutuante, a Raijin FOWT ®, é a facilidade na construção e instalação da fundação, e o uso de concreto, material que o Brasil domina tecnologicamente e produz em larga escala, o que reduz os tempos e custos de realização. Isso também ativa uma cadeia produtiva local e acelera a industrialização do setor offshore no Brasil”, explica Rodolfo Gonçalves.

Além de permitir a montagem em terra e o reboque da plataforma até o local de operação – o que diminui riscos e despesas, essa tecnologia elimina a necessidade de grandes estaleiros especializados e pode ser montada em áreas portuárias. A instalação das plataformas em regiões mais afastadas da costa onde as águas são mais profundas implica em menor impacto ambiental e visual. A durabilidade da estrutura, com mais de 30 anos de vida útil, e a baixa manutenção em ambiente marinho completam os diferenciais.

Por que o Rio Grande do Sul?

O estado do RS foi escolhido por reunir condições excepcionais para o offshore flutuante, como fortes regimes de vento, águas profundas próximas à costa e portos estruturados - em especial o Porto de Rio Grande, que será fundamental para a montagem e operação da plataforma. A localização também oferece proximidade com centros consumidores e integração com o sistema elétrico nacional.

Etapas e articulação institucional

O projeto será desenvolvido em quatro fases: estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental; projeto executivo; construção e monitoramento da plataforma; e, por fim, a fase comercial. O investimento estimado até a conclusão do piloto é de US$ 100 milhões. A meta é validar a tecnologia, testar a cadeia local de suprimentos e preparar o caminho para implantações em escala - que podem movimentar milhões em recursos, além do alto potencial na geração de empregos.

Além do Sindienergia-RS e da JB Energy, o consórcio é formado por Ming Yang Smart Energy Group (fornecedora de turbinas), Portos RS (infraestrutura portuária e operações), Technomar Engenharia (monitoramento em tempo real de condições ambientais e operações), Blue Aspirations Brazil (sensoriamento para monitoramento ambiental) e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O projeto conta ainda com apoio da Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias) e do Governo Federal (por meio do Ministério da Pesca e Aquicultura (ABEEólica). O Governo do Estado do Rio Grande do Sul e a prefeitura Municipal de Rio Grande também estão entre os convidados para apoiar a iniciativa.

Programa Portos Verdes

O Projeto Aura Sul Wind integra o Programa Portos Verdes, iniciativa que consolida o compromisso do Rio Grande do Sul com a descarbonização dos modais logísticos e a transição energética. Ao unir esforços entre Portos RS e Sindienergia-RS, o programa fortalece o papel estratégico do Estado na logística voltada à geração de energia eólica near e offshore, posicionando a região como referência na atração de investimentos sustentáveis. Mais do que um avanço tecnológico, trata-se de um movimento alinhado às metas globais de neutralidade de carbono, em que a infraestrutura portuária se torna catalisadora de um novo modelo de desenvolvimento: limpo, competitivo e conectado com o futuro da matriz energética brasileira.
 

segunda-feira, 16 de Junho de 2025 - 7h07

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