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Alta do custo de trabalho prejudica competitividade da indústria

O aumento do número de demissões e a alta taxa de desemprego marcaram o ano de 2015. Tanto para o Brasil quanto para o Rio Grande do Sul, a geração de emprego foi a menor de toda a série histórica do Ministério do Trabalho e do Emprego, iniciada em 1996. Enquanto em 2014 foram criadas 420,7 mil vagas de emprego, em 2015 foram extintos, no Brasil, 1,5 milhão de postos de trabalho. Este fator, aliado ao aumento da inflação, levou a uma queda de 3,8% dos salários em termos reais. Indústria e serviços foram os setores mais afetados no País com a extinção de 1,05 milhão e 503,9 mil postos de trabalho, respectivamente. A situação só foi diferente para o setor da agropecuária, que ofertou 9,8 mil novos empregos.
 
Na economia gaúcha foram fechadas 95,1 mil vagas. Indústria e serviços foram os setores mais atingidos, com quedas de 69, 2 mil e 27,1 mil vagas, respectivamente. A situação só foi diferente para o setor agropecuário onde foram criadas 1,2 mil novas oportunidades. Na região Metropolitana de Porto Alegre o desemprego passou de 3,6% para 6,7%, conforme a Pesquisa Mensal do Emprego do IBGE. A queda nos salários também foi expressiva, registrando -3,8% nas seis Regiões Metropolitanas brasileiras, acompanhadas pelo IBGE e -2,5% em Porto Alegre.
 
Dados da Unidade de Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS) apontam outro agravante: o aumento do Custo Unitário do Trabalho (ULC) para a indústria de transformação no Brasil, entre janeiro de 2006 e outubro de 2015, foi de 7,0%. Ou seja, apesar da queda nas vagas de trabalho os aumentos reais nos salários médios superam os ganhos de produtividade na indústria de transformação e pressionam os custos de produção.  “As folhas salariais continuam crescendo sem a contrapartida, na mesma intensidade, do aumento da produção por hora trabalhada”, explicou o presidente da FIERGS, Heitor José Müller. “A desvalorização da taxa de câmbio ajuda a contrabalançar o peso da nossa baixa produtividade e dos nossos elevados custos de mão de obra sobre a competitividade. Porém, não podemos basear a nossa política de competitividade externa numa variável que temos pouca capacidade de determinar o seu valor. Se não houver a modernização da legislação trabalhista e melhora nos indicadores de produtividade, quando a economia voltar a crescer, enfrentaremos o mesmo problema e pressão por aumento de salários”, completou.
 
Dos 20 subsetores que compõem a Indústria de Transformação do Brasil 15 tiveram crescimento dos salários médios reais (por hora) no período de janeiro de 2006 a outubro de 2015, com uma média de 16,9% de aumento. Os segmentos que mais aumentaram a remuneração foram os de Bebidas (65,8%) e Refino (46,4%). O estudo destaca que esses ganhos se devem a forte redução nas horas trabalhadas no período. Em contrapartida, os setores que apresentaram diminuição de salários reais foram Metalurgia e Celulose e papel, com quedas de 24,1% e 11,8%, respectivamente. Os segmentos de Vestuário e acessórios (91,7%) e Produtos farmacêuticos (64,2%) foram os destaques em termos de ganhos de produtividade. Por outro lado, Máquinas, aparelhos e materiais elétricos (21,9%) e Couro e calçados (18,7%) apresentaram as maiores perdas.
 
Emprego em 2016 - Para este ano, a extinção de vagas deve continuar e o cenário será de ajustamento do mercado de trabalho às condições econômicas. De acordo com a pesquisa, a expectativa é de que 1,2 milhão de vagas sejam perdidas no Brasil. No Rio Grande do Sul esse número deve chegar a 92,7 mil. O setor de serviços será o mais afetado (-46,4 mil empregos). A indústria também seguirá dispensando, com a previsão de 42,6 mil postos de trabalho a menos que em 2015. O ano de 2016 deve afetar o emprego também na agropecuária. Ao contrário de 2015, o setor deve demitir 3,7 mil trabalhadores.
 

 

Publicado quarta-feira, 3 de Fevereiro de 2016 - 14h14