O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro expandiu 0,1% em 2014. O resultado quase nulo foi puxado pela desaceleração de 1,2% do setor industrial, que há uma década perde participação no total da economia. A representação da indústria de transformação passou de 17,9%, em 2004, para 10,9% no ano passado. “Falta uma política industrial que gere um ambiente no qual todos os setores produtivos tenham as mesmas condições de competitividade, pois o que vimos até agora foram apenas medidas pontuais e paliativas. A reversão do atual cenário da indústria passa pela solução dos gargalos estruturais, tais como logística, energia, tributação e custo da mão-de-obra”, afirmou o presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), Heitor José Müller.
Ao avaliar o cenário, Müller lembra que, entre 2004 e 2008, a perda de participação da indústria ocorria porque o PIB do setor avançava a uma taxa menor na comparação com os demais (agropecuária e serviços), apesar de apresentar crescimento. “No entanto, de 2008 a 2014, esta situação mudou significativamente. A queda passou a ser observada a partir do encolhimento da própria indústria”, explicou. Segundo o dirigente, neste período, enquanto a economia brasileira expandiu a uma taxa anual média de 2,6%, a indústria apresentou recuo médio de 0,2% ao ano.
Outro ponto destacado pelo presidente da FIERGS foi a retração de 4,4% dos investimentos do País no ano passado. Como resultado, a taxa de investimento encerrou em 19,7% do PIB – tendo sido 20,5% em 2013. As contas de exportações e importações também diminuíram, respectivamente 1,1% e 1,0% no acumulado de 2014.
“O resultado do PIB brasileiro muito próximo da estagnação é ruim para um País cuja renda média ainda é bastante baixa”, assinalou Müller. Com o crescimento da população tendo superado o da economia no ano passado, o PIB per capita caiu 0,7% em 2014 e fechou em R$ 27.229, o que, convertido pelo câmbio médio do ano, totaliza apenas US$ 11.564.
