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Economistas indicam os desafios da indústria

Porto Alegre, 19 de abril de 2013 − O desafio da indústria no cenário econômico atual é ajustar-se a ele. Esta foi a principal mensagem dos economistas Samuel Pessôa e Armando Castelar Pinheiro, que participaram do 4º Meeting de Economia, promovido pela FIERGS, por meio do Conselho de Economia e Assuntos Estratégicos, e Instituto Euvaldo Lodi (IEL-RS), na tarde desta sexta-feira, na sede da entidade. "É preciso aumentar a competitividade da indústria e para isso há outras necessidades como melhorar a infraestrutura e o redirecionamento da política de acordos de livre comércio", lembrou o coordenador de Economia Aplicada do IBRE/FGV, Armando Castelar Pinheiro.

Conforme ele, a atual política econômica é intervencionista e seus mecanismos de controle estão prejudicando outros setores. "Segurar o preço da gasolina causa problemas para a Petrobras e, consequentemente, para todo o setor de petróleo e gás", explicou. "A desoneração de alguns setores também já está sinalizando que trará prejuízos fiscais", disse Castelar. "Qualquer mudança precisa de tempo e durante esta espera não há investimento. Este momento é de estagflação", disse. Castelar acredita que o cenário brasileiro segue o cenário global e a melhora deve ser gradual, como está sendo no mundo. "E há a questão do custo da mão de obra que também não vai mudar tão cedo", falou.

Samuel Pessôa, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, afirmou que o processo de crescimento passa por três vertentes: "a educação, o contrato social, e a sociedade desigual e democrática". Pessôa salientou que o Brasil tem um problema estrutural de baixa escolaridade e que isso leva bastante tempo para mudar. "E o investimento feito em educação ainda é pouco". Ele também destacou que o Brasil fez escolhas que não priorizam o crescimento, com benefícios muito grandes. "As diferenças da sociedade já estão menos desiguais. Mas quando elas diminuírem ainda mais, haverá uma demanda natural da sociedade por um maior crescimento e ocorrerá uma reposição social mais liberal", esclareceu. "Este modelo econômico intervencionista ocorreu na época dos militares. A diferença é que antes era de direita e agora é de esquerda", disse. Enfatizou ainda que o Brasil não tem poupança e portanto deve ter poupança externa para ter investimento.

Durante o debate, os empresários André Gerdau Johannpeter, Humberto Busnello e Antônio Roso conduziram as perguntas do público aos economistas. Busnello, coordenador do Conselho de Economia e Assuntos Estratégicos da FIERGS, observou que "nada acontece de repente. Para nós empresários é importante captar os sinais de futuro e saímos daqui hoje com uma visão de que haverá mudanças e custos. Cabe a nós sabermos o que fazer".

Publicado sexta-feira, 19 de Abril de 2013 - 0h00