Como a Lei Antidesmatamento da União Europeia provoca impacto nas exportações brasileiras
Tema foi debatido pelo Sistema FIERGS nesta terça-feira
Atuamos a favor da indústria gaúcha estimulando a cooperação entre empresas, ampliando a oferta de produtos e serviços e apoiando o desenvolvimento de novos mercados e sua internacionalização. Juntamente com o SESI, SENAI e IEL, apresentamos soluções que aumentam a competitividade da nossa indústria.
Tema foi debatido pelo Sistema FIERGS nesta terça-feira
A adaptação à EUDR (European Union Deforestation Regulation), seus desafios e oportunidades, foi o foco de um evento promovido nesta terça-feira (7), pelo Sistema FIERGS. Aprovada em 2023, a nova legislação exige que empresas que exportam ou operam no mercado europeu comprovem que suas cadeias de fornecimento estão livres de desmatamento ocorrido após 31 de dezembro de 2020. A medida afeta setores como madeira, soja, café, borracha e gado, e deve entrar em vigor em dezembro deste ano, embora haja possibilidade de prorrogação do prazo.
O coordenador do Conselho de Meio Ambiente (Codema) do Sistema FIERGS, Guilherme Portella, destacou a relevância do mercado europeu para o estado. “Se somarmos os países do bloco europeu, é o segundo principal destino das exportações do Rio Grande do Sul. Quase 34% do que exportamos para lá serão agora afetados pelas novas medidas. Temos a missão de compreender esses desafios para explorar nossas potencialidades de forma estratégica. Queremos que esse evento colabore para fortalecer as exportações e a competitividade gaúcha”, refletiu. O evento foi promovido ainda pelos Conselhos da Agroindústria (Conagro), de Comércio Exterior (Concex) e pelo Comitê da Indústria de Base Florestal e Moveleira (Combase).
Segundo o engenheiro florestal e diretor de desenvolvimento e qualidade da STCP, Rômulo Lisboa, a necessidade de adaptar toda a cadeia produtiva, especialmente os fornecedores, pode impactar a competitividade dos produtos brasileiros. “Haverá um custo adicional para colocar o produto no mercado europeu. As empresas vão precisar se adaptar, e eventualmente buscar outros mercados”, afirmou.
Entre as exigências da nova regulação estão: rastreabilidade completa da cadeia produtiva, avaliação e mitigação de riscos, além da submissão do Documento de Diligência (DDS) por parte dos operadores que atuam em solo europeu. Lisboa exemplifica: “No caso do gado de corte, será necessário comprovar que, desde o nascimento do terneiro, seu crescimento e abate ocorreram fora de áreas desmatadas. O mesmo se aplica à madeira – como um produtor de pellets, que tem diversos fornecedores, poderá garantir que o resíduo veio de áreas convertidas até 2020?”, questionou.
Como o Brasil é considerado um país de risco padrão pela União Europeia (diferentemente de países como o Canadá, classificados como de risco baixo), cerca de 3% das mercadorias exportadas estarão sujeitas à fiscalização direta do bloco europeu. “Quatro ou cinco produtos nos quais o Brasil é líder em exportação estão sob risco. Isso impõe uma pressão enorme sobre toda a cadeia produtiva, principalmente sobre pequenas e médias empresas, que têm menos recursos para realizar as adequações necessárias”, destacou Lisboa.
Já para a coordenadora de certificações da Be8 (empresa do setor de soja e biocombustíveis), Márcia Perin, apesar da complexidade, principalmente no Rio Grande do Sul, onde a matéria-prima é proveniente majoritariamente de pequenos produtores rurais, a legislação também representa uma oportunidade de mercado. “As empresas que se posicionarem desde o início terão um diferencial competitivo. Estamos nos preparando para ser pioneiros”, afirmou. Para a empresa, os principais produtos impactados pela EUDR são o farelo e a casca de soja.

