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R$ 70 bi para superar gargalos de transportes da região Sul

Responsável por 17% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, a região Sul do país possui gargalos em infraestrutura que podem, dentro de alguns anos, travar o escoamento da produção para o mercado interno e para exportação. Levantamento inédito demandado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pelas Federações das Indústrias do Rio Grande do Sul, do Paraná e Santa Catarina (FIERGS, FIEP e FIESC) mostra que são necessários R$ 70 bilhões para investir em 177 projetos que podem destravar os nós logísticos e aumentar a competitividade dos três Estados. O projeto Sul Competitivo, apresentado nesta terça-feira (28), em Brasília, inclui a integração internacional com países limítrofes.

Para acelerar a recuperação da infraestrutura de logística a proposta é que 51 destes 177 projetos sejam priorizados por gerarem maior competitividade para a região. A sugestão é que seja criada uma força tarefa entre governos, iniciativa privada e terceiro setor para garantir que esses projetos, previstos em oito eixos prioritários, sejam viabilizados no curto e médio prazo. Juntos, demandariam R$ 15,2 bilhões em investimentos.

Apesar dos oitos eixos precisarem de um investimento de apenas 22% do total, a recuperação deles evitaria gastos anuais de R$ 3,4 bilhões, o que equivale a 80% das perdas totais em função do déficit de infraestrutura de transportes verificados atualmente nos três Estados. A estimativa é que as perdas logísticas nos 177 projetos equivalem a R$ 4,3 bilhões por ano.

O estudo detalha os pontos em que a utilização está superior à capacidade e apresenta as áreas que devem ser priorizadas nos investimentos feitos em rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos e dutoviários. O estudo também permite delinear qual a melhor forma de financiamento em cada caso: através do poder público, pela iniciativa privada ou a partir de Parceria Público-Privada (PPP). "O aumento da participação da iniciativa privada na economia é essencial para ajudar a região Sul a superar as deficiências em sua infraestrutura. Precisamos desses investimentos nos três Estados, pois, certamente, vão dar mais competitividade a uma região tão importante para a economia brasileira", salientou o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.

"Se temos um custo de logística no Brasil no patamar de 18%, todo investimento que se fizer em infraestrutura irá, logicamente, elevar a competitividade industrial. O projeto Sul Competitivo, além de valorizar a necessidade urgente de modernização no transporte de carga do País, indica os melhores investimentos, tendo ainda como característica positiva as suas interligações regionais", afirmou o presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), Heitor José Müller.

Müller destacou ainda que "se nada for feito, ou se for feito muito pouco, vamos ter um colapso porque a produção está aumentando e não temos como levar os produtos aos seus destinos". Segundo o industrial, o número de caminhões que trafegam pelas estradas do Sul é crescente, enquanto que a malha rodoviária permanece a mesma há anos. Grande parte destes produtos, de acordo com o presidente da FIERGS, vem de outros Estados, com destino aos países do Mercosul.

Na avaliação do presidente da FIESC, Glauco José Côrte, "um dos aspectos mais importantes do Sul Competitivo é o fortalecimento da união da indústria dos três Estados, em busca de uma consistente base técnica para definir quais obras devem ser priorizadas na região". O próximo passo, conforme o presidente da FIEP, Edson Campagnolo, "é a articulação com os governos federal e estaduais para viabilizar as parcerias público-privadas para executar os projetos".

Publicado Terça-feira, 28 de Agosto de 2012 - 0h00