Você está aqui

O Brasil tem grande potencial para aumentar a produção nacional de fertilizantes e, com isso, melhorar a produtividade e a autossuficiência no campo. Segundo a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), o país produziu 6 milhões de toneladas em 2024, mas ainda depende fortemente de importações, que chegaram a 42 milhões de toneladas no mesmo período. Esse cenário foi o ponto de partida da 4ª Reunião do Conselho da Agroindústria (Conagro), realizada pelo Sistema FIERGS nesta terça-feira (1º). O encontro contou com a participação por vídeo do diretor-executivo da Anda, Ricardo Tortorella. 

De acordo com Tortorella, a produção interna de fertilizantes está estagnada na última década. Ele defendeu que, com a redução do chamado Custo Brasil e melhorias na infraestrutura portuária, rodoviária e ferroviária, o país poderia equilibrar a balança entre importação e produção de insumos para o agronegócio. “Temos operações aguardando licenças ambientais há anos. É preciso reduzir a burocracia dos licenciamentos e dos encargos tributários. Além disso, precisamos de uma boa política fiscal e de redução da insegurança jurídica”, afirmou.

O diretor-executivo da Anda alertou para a elevada dependência externa e os riscos que isso representa: “O solo brasileiro é intensamente dependente de fertilizantes. Quando o mundo se fecha com guerras, por exemplo, há crises de oferta. Precisamos de mais autonomia em insumos primários. Pensando em segurança alimentar global, a demanda só tende a crescer. Paralelo a isso, precisamos de infraestrutura adequada para receber o que importamos”, reforçou.

Para exemplificar, Tortorella destacou que 99% dos fertilizantes à base de potássio usados no Brasil são importados, principalmente da Rússia (país que está em guerra contra a Ucrânia), Canadá e Belarus. O Plano Nacional de Fertilizantes, aprovado pelo governo federal em 2023, tem como meta reduzir essa dependência, chegando a uma proporção de 50% de produção nacional e 50% de importação até 2050.“ 

PORTO DE RIO GRANDE RECEBE 15% DOS FERTILIZANTES IMPORTADOS NO BRASIL
O Porto do Rio Grande é responsável por receber cerca de 15% de todo o volume de fertilizantes que entram no país, de acordo com a Anda. Segundo levantamento da Unidade de Estudos Econômicos (UEE) do Sistema FIERGS, o estado recebe fertilizantes principalmente do Marrocos (US$ 373,2 milhões | 21,5% das compras gaúchas), seguido pela Arábia Saudita (US$ 313,1 milhões | 18,1%) e pela China (US$ 286,0 milhões | 16,5%).

O presidente da Portos RS, Cristiano Klinger, discutiu esse cenário e os investimentos nos portos gaúchos, destacando a importância da intermodalidade no desenvolvimento das atividades portuárias. “Precisamos olhar para o entorno. É essencial pensar nos modais ferroviário e rodoviário para garantir o fluxo eficiente de entrada e saída de cargas nos portos”, afirmou.

A reunião, conduzida pelo coordenador do Conagro, Alexandre Guerra, também abordou atualizações sobre a gripe aviária e evidenciou a força do agro gaúcho para superar as crises climáticas e sanitárias.

Publicado quarta-feira, 2 de Julho de 2025 - 11h11