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Brasil não pode virar uma feira livre de importados, afirma Müller

A competitividade das empresas brasileiras enfrenta uma série de desafios há décadas, como os altos impostos, a excessiva burocracia e a precária infraestrutura do País, mas a atual crise financeira da Europa e dos Estados Unidos aprofundou as dificuldades e tornou o cenário econômico e político mais complexo. A avaliação do presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), Heitor José Müller, foi apresentada no Tá na Mesa da Federasul, nesta quarta-feira (23). "Precisamos proteger o nosso setor produtivo. Nenhuma nação pode pretender transformar o Brasil em uma grande feira livre de produtos do mundo inteiro para quem pratica o dumping social e cambial", afirmou.

De acordo com o presidente da FIERGS, os mecanismos de defesa comercial são essenciais no atual estágio de abertura da economia nacional. "Exigir rígida reciprocidade de tratamento não significa reserva de mercado. O que defendemos são condições de concorrência legais e leais", argumentou. Destacou ainda que os consumidores brasileiros, formado por uma população de 192 milhões de pessoas, são um importante patrimônio. "A este cobiçado mercado, somam-se os benefícios que a natureza concedeu ao Brasil, especialmente na produção de alimentos, ou seja, terra, sol e água abundantes", enfatizou.

No entanto, para ampliar a inserção mundial e não ser tão afetado pela crise na Zona do Euro, Müller alertou que é imprescindível resolver o "Custo Brasil" e o "Custo Rio Grande do Sul". Entre as questões urgentes da Agenda de Desafios do Empresariado, o industrial citou a necessidade da simplificação tributária; uma nova equação cambial; o pagamento dos créditos tributários aos exportadores; a modernização das leis trabalhistas; a revogação do salário mínimo regional; e a não redução da jornada de trabalho. Para concluir, assinalou ser fundamental melhorar a qualidade da educação e apontou como caminho a reciclagem de professores, um sistema de bolsas no exterior e muita atenção ao ensino básico.

Em relação ao setor industrial, o presidente da FIERGS disse que a atividade diminuiu nos últimos meses. "Estamos temendo que esta redução se estenda para 2012". Ele acredita que o governo federal está acompanhando a conjuntura e tomará alguma medida caso a situação se agrava. Da mesma forma, Müller espera um plano de controle contra a tão temida desindustrialização do País. "Não podemos deixar que os importados tomem conta do Brasil. Isso pode até parecer bom para o comércio, em um primeiro momento, mas é um tiro no pé. Se a indústria deixa de produzir, consequentemente, deixa de contratar e cai a renda do consumidor", alertou.

Publicado quarta-feira, 23 de Novembro de 2011 - 0h00