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FIERGS espera a melhora das exportações gaúchas após eleições argentinas

"Acredito que uma série de problemas recentes que temos tido nas relações comerciais com a Argentina estão ligados ao período eleitoral do país vizinho, pois muitas medidas econômicas restritivas tinham como objetivo a conquista de votos. Agora reeleita, Cristina Kirchner deve rever uma série de atos. Essa é a expectativa do setor industrial gaúcho", afirmou o presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), Heitor José Müller, ao avaliar o resultado das eleições argentinas, encerradas no domingo (23). Caso isso não ocorra, alertou, "o governo brasileiro precisará tomar medidas mais enérgicas, uma vez que não podemos sair prejudicados de uma relação que se construiu, chamada Mercosul, para que houvesse um trânsito mais fácil de mercadorias".

O mercado argentino, destacou Müller, é importante por ser o segundo destino das exportações gaúchas, perdendo apenas para a China. "No entanto, enquanto os chineses concentram seus pedidos em commodities, a Argentina compra nossos produtos manufaturados, com alto valor agregado", disse o dirigente, citando como exemplo os principais segmentos que venderam para o país vizinho em 2011: Plásticos (20%), Máquinas e Equipamentos (16%), Veículos e Tratores (10%), Produtos Químicos Orgânicos (10%) e Calçados (5%).

De acordo com o presidente da FIERGS, o Brasil e o Estado poderiam vender muito mais para a Argentina, caso não existissem as barreiras comerciais impostas pelo governo daquele país, deixando o saldo da balança comercial mais favorável para o Rio Grande do Sul. De janeiro a setembro desse ano, por exemplo, as exportações gaúchas para a Argentina somaram US$ 1,44 bilhão e as importações US$ 2,97 bilhões. "Desde 2007, eles vêm aumentando o número de produtos com restrições. Nesse ano, já somam quase 700 itens. Por causa disso, a relação está desgastada com os brasileiros e afeta os compromissos bilaterais do Mercosul, como as negociações internacionais", salientou Heitor José Müller.

Para acompanhar essa situação, a FIERGS criou o Sistema de Monitoramento das Barreiras Argentinas (Simba), que tem como objetivo atender as empresas com problemas, por meio de articulação com os governos gaúcho e federal. A entidade também vem trabalhando diretamente com 73% das maiores exportadoras gaúchas para o mercado argentino, atuando na articulação para liberação de Licenças Não Automáticas (LNA). Já foram enviadas ao Ministério de Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (MDIC) informações de 1.160 LNAs, que somam US$ 74 milhões. Com essa ação, a FIERGS conseguiu que 35% das Licenças Não Automáticas apresentadas ao MDIC fossem desbloqueadas pela Argentina.

Para Müller, os recorrentes bloqueios impostos pelo país vizinho também não permitem avanços mais significativos no Mercosul. "Estão atrasadas as questões estruturantes do bloco, como a logística, a infraestrutura, o fortalecimento institucional e a união aduaneira", lamentou.

Publicado segunda-feira, 24 de Outubro de 2011 - 0h00