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Incertezas econômicas e oportunidades comerciais para as exportações foram debatidas na FIERGS

Retração nas economias da Europa e dos Estados Unidos, barreiras protecionistas da Argentina e dumping chinês são alguns dos principais problemas enfrentados pelos exportadores brasileiros. O tema foi abordado no seminário realizado pela FIERGS, nesta quinta-feira (22). Na abertura do evento, o coordenador do Conselho de Relações Internacionais e Comércio Exterior da entidade, Cezar Müller, lembrou que se somam a estas dificuldades a valorização do câmbio, o elevado custo de produção no Brasil e os altos impostos. "A situação é preocupante. Em 2011, por exemplo, os embarques industriais do País tiveram um déficit de US$ 94 bilhões", afirmou. Müller destacou que a FIERGS tem atuado junto aos governos estadual e federal para resolver alguns dos gargalos, além de fazer ações com empresários e entidades de promoção comercial.

Para o coordenador da Unidade de Inteligência Comercial e Competitiva da Apex Brasil, Marcos Lélis, a balança comercial brasileira está com superávit devido às exportações de commodities, em especial o petróleo com os preços em constante elevação. "O Rio Grande do Sul não possui este item na sua pauta e a produção de minério é muito pequena, por isso o resultado é inferior ao nacional", disse. Já os embarques de manufaturados de todos os Estados brasileiros têm perdido cada vez mais espaço. "Esse é um cenário muito arriscado, pois depender sua competitividade em poucos produtos torna qualquer país vulnerável no longo prazo", analisou. Segundo ele, a China, principal comprador de commodities brasileiras está buscando ser mais independente destas mercadorias. "Os chineses estão comprando terras férteis em outras nações para plantar e criar gado e até já adquiriram poços de petróleo da Nigéria", alertou.

Entre os caminhos a serem seguidos pela indústria nacional, Lélis aponta agregar mais valor aos produtos para se diferenciar daqueles com menor preço, para obter melhores ganhos e conquistar consumidores pela qualidade e diferenciais tecnológicos. Também considera que ampliar a participação nos países da América do Sul é uma boa estratégia de mercado. "Há um espaço importante para ser ocupado nessa região e precisamos aproveitar isso. Com as recentes crises na Europa e Estados Unidos, os países em desenvolvimento devem puxar o avanço econômico, o que coloca a América do Sul em evidência". Outro ponto a ser considerado, "é fazer nos acordos aduaneiros, como Mercosul, uma integração produtiva, onde um país pode suprir a demanda do outro nos segmentos industriais onde têm mais vocação e possui maior competitividade".

O seminário tratou ainda das exportações em mercados emergentes e de risco. Neste painel, a representante do Banco do Brasil, Mônica Teixeira, falou sobre a importância do Convênio de Crédito Recíproco na América Latina e do Sistema de pagamento em Moeda Local. Os participantes também receberam orientações sobre o seguro de crédito como ferramenta estratégica das seguradoras Sesce Brasil e Coface/SBCE.

Publicado quinta-feira, 22 de Março de 2012 - 0h00