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Inovação e alternância de poder foram debatidas no primeiro dia do Congresso Internacional de Inovação

Um dos temas de destaque do 2o Congresso Internacional de Inovação, realizado pelo Sistema FIERGS, por meio do Instituto Euvaldo Lodi, foi o desafio do processo de inovação com a alternância de poder.

Durante o debate, intermediado pelo diretor de Operações da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Rafael Luchesi, o presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato, defendeu a simplificação do acesso aos financiamentos disponíveis para a inovação e destacou que, na prática, poucas empresas foram beneficiadas pela MP do Bem e pela Lei de Inovação. "De qualquer forma, esses incentivos não podem ser extintos com a alternância de poder. A inovação deve ser um projeto perene para o País", afirmou Barbato.

O presidente da Abinee citou a Agenda Estratégica do setor eletroeletrônico, que contempla uma visão de longo prazo na formulação de objetivos, como exemplo dos benefícios do planejamento. Segundo Barbato, utilizando a mesma metodologia aplicada na Agenda 2020 do Rio Grande do Sul, possui como meta aumentar a participação do setor eletroeletrônico no PIB brasileiro dos atuais 4,3% para 7% até 2020.

O presidente do Grupo Ultrapar, Pedro Wongtschowski, disse que o governo tem se esforçado nos últimos anos no incentivo da inovação, como programas da Finep, BNDES, Lei de Inovação e MP do Bem. "Mas é preciso acabar com a burocracia e que os recursos deixem de se concentrar em pequenos grupos de empresas", comentou. O empresário também abordou a importância da visão de longo prazo citando como exemplo o Movimento Empresarial pela Inovação (MEI).

Para o coordenador do Conselho de Inovação e Tecnologia (Citec) da FIERGS e do Fórum de Inovação e Tecnologia da Agenda 2020, Ricardo Felizzola, o Brasil precisa agarrar as oportunidades que o pós-crise criou, já que os países com melhores indicadores econômicos e sociais sofreram mais com a crise e estão oferecendo essa oportunidade. "Temos conhecimento, mestres e doutores, o que precisamos é aproximá-los da atividade produtiva, em direção à prosperidade. Precisamos transformar os papers em PIB", afirmou.

O setor público foi representado pelo secretário da Fazenda do Rio Grande do Sul, Ricardo Englert. De acordo com ele, a atual administração estabeleceu a necessidade de se seguir planejamento estratégico, com estabelecimento de metas pelos servidores públicos. "É importante que o setor público também inove nos processos e na forma de planejar. Dessa forma o governo reduziu os gastos em 30%", reforçou Englert. O secretário também ressaltou o fato de o Estado ter apresentado uma Lei de Inovação que estabelece benefícios financeiros e tributários e que foi construída com diálogo entre os setores público e privado no Rio Grande do Sul através da Agenda 2020.

"Essa capacidade e possibilidade do empresariado dialogar com o meio político é uma das principais inovações da gestão pública", disse o presidente do Conselho de Administração do Grupo Gerdau, Jorge Gerdau. Ele acredita que o Brasil precisa definir metas e planejamento para o desempenho da economia nas próximas duas, três décadas − em vez de parar e administrar pequenas crises ao longo dos anos. "Precisamos mexer na estrutura, caso contrário, vamos seguir comemorando um bom momento, como o que vivemos hoje, sem pensar no longo prazo", afirmou Gerdau, que também lembrou da Agenda 2020 como instrumento importante para a efetivação desta ideia.

Publicado Terça-feira, 24 de Novembro de 2009 - 0h00