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Debater assuntos envolvendo a indústria gaúcha e conhecer as demandas do setor coureiro-calçadista foi o objetivo da reunião realizada entre o presidente da FIERGS, Heitor José Müller, e empresários do segmento nesta quarta-feira (18), durante a Fimec – Feira Internacional de Couros, Produtos Químicos, Componentes, Máquinas e Equipamentos para Calçados e Curtumes, em Novo Hamburgo. Entre os temas tratados estiveram as exportações, questões trabalhistas, como a possível obrigatoriedade de pagamento pelas empresas do primeiro mês de afastamento dos funcionários em caso de problemas de saúde (antes eram 15 dias), e o aumento do custo da energia elétrica, enfrentada pelas fábricas do Rio Grande do Sul.“Pagamos a conta de luz mais cara do que qualquer outra localidade no Brasil, reduzindo ainda mais nossa competitividade”, alertou Müller.
 
Sobre as exportações, segundo ele, em 2003, o saldo comercial brasileiro em manufaturados era superavitário em US$ 2 bilhões. Passados dez anos, o quadro virou para um déficit de US$ 105 bilhões. “Isto demonstra o quanto a indústria sofreu com o câmbio desfavorável e as medidas que a oneram. O câmbio melhorou, mas há outras medidas que nos impactam”, salientou.
 
O descontentamento em relação à inconstância sob a qual os empresários atuam foi manifestado pelos empresários. Um dos exemplos mencionados foi o ajuste fiscal anunciado recentemente pelo governo federal, com a repentina redução da desoneração da folha de pagamento e do Reintegra de 3% para 1%. “Precisamos de ações efetivas. Dedicamos muito tempo discutindo e analisando Plano Brasil Maior, mas de uma hora pra outra, aquilo que nos beneficiava, foi desfeito”, lamentou presidente executivo do Centro das Indústrias de Couro Brasileiras (CICB), José Fernando Bello. Ele também ressaltou que tem o desejo de vender para o mercado interno, mas o setor coureiro acaba se vendo obrigado a exportar 80% daquilo que produz. “Exportamos a matéria-prima e depois importamos o calçado com valor agregado”, afirmou. 
 
O presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos para os Setores do Couro, Calçados e Afins (Abrameq), Marlos Davi Schmidt, comentou sobre a importância da busca constante pela competitividade. “O verbo da vez é industrializar, mas precisamos ter condições competitivas para seguir produzindo”, reforçou. Já o presidente da Associação Brasileira dos Químicos e Técnicos da Indústria do Couro (Abqtic) e vice-presidente da FIERGS, Cezar Müller, destacou que “se não houver um plano de curto prazo, não teremos saída. Precisamos de um processo de reindustrialização urgente”. Também participaram da reunião representantes da Fenac, dos sindicatos das Indústrias de Calçados de Dois Irmãos; de Calçados de Novo Hamburgo; de Calçados, Vestuário e Componentes para Calçados de Igrejinha; das associações das Indústrias de Curtume do Rio Grande do Sul (Aicsul); Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal); Comercial e Industrial de Novo Hamburgo (ACI-NH); Instituto Brasileiro de Tecnologias do Couro, Calçado e Artefatos (IBTec). 
 
Durante a visita à feira, Cezar Müller entregou ao presidente Heitor José Müller um exemplar do Guia Brasileiro do Couro, lançado na Fimec. A publicação que apresenta um raio-X do setor, com dados sobre curtumes, químicos, máquinas e equipamentos, serviços, entidades, além de índices mercadológicos e estatísticas para pesquisa.  
 
 
Foto: Dudu Leal 
Publicado quinta-feira, 19 de Março de 2015 - 14h14