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Müller destaca os avanços e entraves da economia gaúcha e brasileira

A redução da taxa de juros, dos custos da energia e o anúncio de medidas de aceleração da economia são sinais do esforço do governo federal em proporcionar mais competitividade às empresas brasileiras. No entanto, o crescimento do País é prejudicado por outros problemas, como o de infraestrutura e da burocracia, das quais muito ainda precisa ser feito, principalmente no Rio Grande do Sul. A opinião foi apresentada pelo presidente da FIERGS, Heitor José Müller, em sua palestra no Tá na Mesa, da Federasul, nesta quarta-feira (12), em comemoração aos 75 da FIERGS. "O Estado é o último colocado no ranking de investimentos em infraestrutura do Brasil. Para se ter uma ideia, dos 12 mil quilômetros de estradas pavimentadas, temos apenas 400 quilômetros com duplicação", ressaltou.

Müller salientou também que a alta tributação sobre a indústria brasileira, praticada na origem, encarece em até 40% os preços finais dos produtos nacionais. Essa diferença, segundo ele, eleva o custo da produção e diminui a competitividade do setor. O presidente da FIERGS falou do peso da burocracia. "A mão pesada do Estado é na prática o denominado Custo Brasil", disse. "Além da remoção desses problemas, o ‘Brasil Que Queremos‘ precisa multiplicar investimentos em educação, inovação, pesquisa e tecnologia", reforçou, destacando que o Sistema FIERGS tem atuado nessas áreas fortemente, "pois os mesmos visionários que fundaram a Federação, também replicaram aqui os modelos do Sesi e do Senai. Mais recentemente agregando o Instituto Euvaldo Lodi". Para chegar à sociedade ideal, o industrial defendeu o fortalecimento da indústria. "A atividade fabril é fundamental como nos ensinam os países desenvolvidos. O comércio e os serviços irão avançar naturalmente puxados pelo crescimento industrial", argumentou.

Lembrou ainda de alguns entraves enfrentados no Rio Grande do Sul, tais como o piso regional. Já entre os fatos positivos citou o desenvolvimento de uma "Nova Economia" gaúcha: projetos de florestas industriais e os polos de celulose e naval. Em nível nacional, Müller elogiou as medidas de sustentação da economia, entre elas a queda da taxa de juros; a redução de impostos, embora para determinados segmentos; a desoneração da folha de pagamentos; a extinção da "guerra dos portos", que pode ser o início de uma simplificação tributária; e o reconhecimento de concessões e Parcerias Público Privadas (PPPs).

"É por um País melhor que lutamos todos os dias nas entidades empresariais. Nesse sentido, a FIERGS, Federasul, Farsul, Fecomércio, FCDL e nossas congêneres, como a Agas, sempre tiveram e terão um papel importante no processo de desenvolvimento. Seja no Brasil que queremos ser, seja na Agenda 2020, que projeta o Rio Grande do Sul do futuro, estamos juntos trabalhando pelo melhor", disse. Müller concluiu sua palestra com um trecho do artigo do patrono da indústria e fundador da Federação, Antonio Jacob Renner, publicado no jornal Diário de Notícias, em novembro de 1951. "Foi há mais de 60 anos, mas se mantém atual. A. J. Renner dizia: ‘(...) O que a maioria do povo espera é que legisladores e governantes combatam com mão de ferro os escândalos do presente; que ponham de lado promessas irrealizáveis para, encarando a realidade da situação nacional, dar-lhe solução adequada. A responsabilidade dos novos parlamentos e dos novos executivos é assim enorme, e certamente para que não faltem eles aos seus próprios compromissos, muito pode contribuir a vigilância do eleitorado‘".

Publicado quinta-feira, 13 de Setembro de 2012 - 0h00