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Federações empresariais entregam a Tarso Genro sugestões para enfrentar a estiagem

O parcelamento do custeio da atual safra em dez anos, com juros anuais de 2,5%, para os produtores que perderam mais de 30% da produção. Essa é uma das medidas anticíclicas de combate aos efeitos da estiagem na economia do Rio Grande do Sul sugeridas pelas principais federações empresariais do Estado e entregues ao governador Tarso Genro, em reunião realizada nesta sexta-feira, na sede da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul).

A ideia é que o governador auxilie nas negociações junto à administração federal. Na avaliação das entidades, caso a proposta não seja aprovada, os produtores terão de deslocar o pouco capital que têm para saldar o crédito oficial, deixando descobertos fornecedores locais, como cooperativas, indústria de insumos e do setor metal-mecânico, e demais prestadores de serviços.

Outro pedido é de que o Tesouro Nacional operacionalize um fundo garantidor de crédito, que permita aos bancos emprestar recursos extra-limite. Assim, mesmo com o parcelamento, o produtor pode continuar com acesso ao crédito e investir nas próximas safras, reaquecendo a economia. "A agricultura no Rio Grande do Sul tem práticas de ponta no que diz respeito à tecnologia, mas precisa dessas contribuições para voltar a ser competitiva", destacou Carlos Sperotto, presidente da Farsul.

Perdas

A proposta ainda prevê aporte de recursos, por parte do BNDES, também para pagamento em dez anos e com juros anuais de 5,5% ao ano, para que os produtores saldem suas dívidas junto a agropecuárias, cooperativas e outros financiadores privados. O valor estimado para o Rio Grande do Sul é de R$ 1,9 bilhão. As entidades também sugerem a rolagem dos vencimentos de 2012 para um ano após o vencimento da última parcela. Além da entidade, foram responsáveis pelo documento, a FIERGS, Fetag, Fecomércio, FCDL, Federasul, Fecoagro, Federarroz e Fearroz.

O governador Tarso Genro se comprometeu em formatar uma estratégia de curto prazo para o refinanciamento da dívida dos produtores, que será levado ao governo federal. "Também vamos esboçar um plano de médio e longo prazo para contribuir com a resolução dessas questões e apresentar aos empresários", afirmou.

Com a seca atual, o Estado pode deixar de agregar R$ 17 bilhões ao PIB em 2012. Somente nas culturas de soja, milho e arroz, mais de 8 milhões de toneladas foram perdidas. "A queda na renda do campo reflete na circulação de riqueza em toda a região, o que acaba por reduzir as compras de produtos industrializados, sobretudo para pequenas indústrias mais regionalizadas", avalia o presidente da FIERGS, Heitor José Müller. A indústria deve apresentar queda de R$ 11,8 bilhões, seguida pela agricultura, com R$ 4,9 bilhões, e o setor de serviços, R$ 225 milhões.

Publicado sexta-feira, 6 de Julho de 2012 - 0h00