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FIERGS aposta em déficit zero e aumento dos investimentos para economia crescer com vigor

Para que o Estado consiga crescer em 2010 com intensidade suficiente para acompanhar, pelo menos, o desempenho do Brasil, os investimentos públicos e privados deverão ser vistos como prioridade, segundo a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS). "Manter o déficit zero e, ao mesmo tempo, investir são os primeiros passos para mudarmos efetivamente uma história de mais de três décadas de letargia econômica gaúcha, que foi agravada com a recente crise financeira mundial", afirmou o presidente da entidade, Paulo Tigre. Os cenários econômicos de 2009 e as perspectivas para o próximo ano foram apresentados em coletiva de imprensa, realizada na terça-feira (dia 8).

De acordo com Tigre, apesar do caminho para o desenvolvimento sustentado ser longo, é imprescindível que ele seja contínuo e que não dependa das variações conjunturais da política. O industrial destacou que os números continuam refletindo um descompasso. O Brasil teve uma variação média do Produto Interno Bruto (PIB), de 2002 a 2009, de 3,97%, enquanto o Rio Grande do Sul registrou 2,49%. E, segundo projeções da FIERGS, o País deverá encerrar o ano com um PIB positivo de 0,8% e o Estado com índice negativo de -1%.

Apesar das dificuldades que a economia gaúcha vem enfrentando, salientou Tigre, há muitas razões para apostar na sua recuperação em 2010 e no seu protagonismo, que no passado já tornara o Rio Grande do Sul um dos polos econômicos dinâmicos do Brasil. "Estamos pensando no longo prazo e agindo no curto prazo para transformar o Estado no principal eixo de uma nova matriz industrial brasileira. A Nova Economia gaúcha, que já estamos vendo nascer, depois de muito trabalho e articulação da iniciativa privada e dos governos estadual e federal, passará pela bioenergia, florestas industriais, microeletrônica, etanol e pelos polos naval, alcoolquímica e laticínios", disse Tigre, lembrando de ferramentas importantes para este processo e conquistadas recentemente, como a Lei de Inovação. Outro ponto-chave, salientou, é pensar a educação como um dos pilares de sustentação da competitividade.

Em relação aos efeitos da crise internacional, após um ano da sua eclosão, o balanço econômico indica que o pior já passou. O setor produtivo do Rio Grande do Sul foi o mais afetado ante aos outros Estados brasileiros. Por ter uma vocação fortemente voltada ao comércio exterior, o desempenho da indústria gaúcha deve fechar 2009 com uma queda de -12%, em relação a 2008. Esse impacto vem, principalmente, das perdas de 21% das exportações gaúchas neste mesmo período. Mesmo com todos esses freios, o Rio Grande do Sul conseguiu gerar 50 mil empregos nos últimos 12 meses e, num cenário moderado, poderá dobrar esse número no próximo ano. E, segundo a FIERGS, para 2010 é esperada uma elevação de 4,7% na atividade industrial e de 13% nos embarques, que deverão atingir US$ 16,5 bilhões.

No cenário global, com déficits orçamentários históricos e dívidas elevadas, o maior desafio para o governo das principais economias desenvolvidas será promover, no futuro, tanto a austeridade fiscal quanto o ajuste da política monetária, sem comprometer o crescimento econômico. No caso do mercado de trabalho dos Estados Unidos, Reino Unido, Japão e na Zona do Euro, ainda há uma dinâmica fraca e a taxa de desemprego elevada limita a capacidade de recuperação da demanda. Além disso, o mercado de crédito não voltou aos patamares pré-crise. Nesse sentido, a discussão sobre o momento certo de retirada dos incentivos fiscais e monetários tornou-se tão importante quanto a decisão de sua implementação. E essa será a principal herança para 2010.

Publicado Terça-feira, 8 de Dezembro de 2009 - 0h00