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Para FIERGS, medidas não são suficientes para conter baixa do dólar

Paulo Tigre avaliou impacto das decisões divulgadas pela Fazenda

Para a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), as três medidas anunciadas pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, para conter a desvalorização do dólar frente ao real, representam um primeiro passo para reverter a situação do câmbio mas, na prática, ainda são muito tímidas. De acordo com o presidente da FIERGS, Paulo Tigre, as decisões que entrarão em vigor na próxima segunda-feira, tomadas em reunião extraordinária do Conselho Monetário Nacional, "terão efeitos muito mais na redução de custos de transação e na facilidade de uso da moeda norte-americana por parte dos exportadores e importadores, ou seja, pouco influirão na mudança da trajetória da taxa de câmbio".

A proposta de estabelecer o custo de 1,5% do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) na movimentação de aplicações no Brasil pode se mostrar inócua para conter a valorização da taxa de câmbio, pois a dependência maior está em outras variáveis, como o nível das exportações, o volume das importações e o diferencial de juros. Em relação ao fim do IOF de 0,38% na conversão do dólar para real, Paulo Tigre considera positivo por retirar mais um custo do exportador. Porém, destaca que tem impacto limitado sobre sua rentabilidade e também na competitividade dos produtos no exterior. "Esse efeito seria muito maior se tributos como o PIS/Cofins tivessem redução, mesmo que temporária", salienta.

Já a medida que prevê a eliminação da cobertura cambial

que obriga os exportadores a trocar por reais 70% do resultado da venda dos seus produtos ao exterior, o presidente da FIERGS explica que ela vai produzir impacto apenas sobre as empresas que fazem transações comerciais de exportação e importação simultaneamente. Como normalmente são aquelas de maior porte que operam nessa modalidade, a medida terá impacto limitado, não devendo incidir sobre as de menor porte, que encontram mais dificuldades nessa comercialização.

No Rio Grande do Sul, somente seis empresas são, ao mesmo tempo, grandes exportadoras e importadoras, considerando valores acima de US$ 100 milhões.

Para manter crescimento do PIB, país precisa

de mudanças estruturais, afirma Tigre

O presidente da FIERGS, Paulo Tigre, alerta que para sustentar o crescimento de 5,4% de PIB, divulgado ontem (12) pelo IBGE, será necessário alterar as condições atuais de logística e infra-estrutura no país. "O PAC precisa ser ágil e resolver com urgência pontos de estrangulamento importantes, como a falta de locais de armazenamento, a ineficiência dos portos e aeroportos, além das péssimas condições das estradas", salientou.

Publicado quinta-feira, 13 de Março de 2008 - 0h00