Você está aqui

Depois de crescer 1% em 2017, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, ainda sob o impacto da crise econômica mais intensa de sua história, deve aumentar 1,3% este ano, estima a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS).

Já o do Estado não deve passar de 1,1%. Porém, o presidente da entidade, Gilberto Porcello Petry, vislumbra um “realismo otimista” já a partir de 2019. “Investidores que estavam em dúvida em função do momento econômico, começam a ver novas perspectivas e dão sinais de que realizarão investimentos no País. Estou otimista, o ano que vem será melhor do que 2018”, afirmou Petry, durante a divulgação, nesta terça-feira (4), do Balanço 2018 e Perspectivas 2019, elaborado pela Unidade de Estudos Econômicos da FIERGS.

Mesmo com resultado abaixo do esperado para o PIB brasileiro em 2018, os fatores que sustentam uma projeção mais otimista por parte do presidente para o próximo ano ainda seguem presentes, entre eles o menor endividamento de famílias e empresas e o elevado grau de ociosidade das fábricas. O processo natural de final do ciclo de recessão no Brasil, somado à baixa inflação e à queda nas taxas de juros, cria um ambiente para a recuperação cíclica da economia. Por isso, a FIERGS projeta três cenários para 2019:

O cenário base contempla uma aceleração na taxa de crescimento brasileira para 2,8% em 2019, em decorrência da diminuição da incerteza e do avanço na agenda de reformas. O Rio Grande do Sul tende a apresentar uma aceleração menos intensa, com crescimento de 2,4%, por conta da continuidade do delicado quadro das finanças públicas.

No cenário superior, a FIERGS projeta uma aceleração mais forte no crescimento (3,6%), por conta da rápida realização das reformas, da melhora do quadro fiscal e do cenário externo favorável para os investimentos. No caso da economia regional, além do cenário nacional mais positivo, o avanço da atividade e a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal atenuam os efeitos da crise nas finanças públicas.

A Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul acredita que, mesmo no cenário inferior, a economia brasileira apresentará crescimento (1,6%), apesar da expectativa de agravamento da crise fiscal devido ao atraso e/ou frustração das reformas, em especial a da Previdência. No caso do Rio Grande do Sul, a baixa elevação decorre do agravamento na crise das finanças públicas estaduais e federais.

Para o Rio Grande do Sul, segundo Gilberto Porcello Petry, será fundamental reduzir despesas e autorizar concessões e outorgas à iniciativa privada, como o governo federal já tem feito. “Não dá só para trabalhar em cima da administração da folha, que é traumática”, reforça.

O baixo crescimento do PIB brasileiro em 2018 se explica, de acordo com o economista-chefe da FIERGS, André Nunes de Nunes, por diferentes fatores. A começar pelo cenário internacional, que nos últimos anos colaborou com as economias emergentes na forma de uma ampla liquidez e apetite por ativos de maior risco, mas este ano passou por um ajuste profundo em resposta à política monetária mais restritiva dos Estados Unidos. A crise da Argentina, um importante parceiro comercial, que deve fechar com um PIB negativo próximo aos 3% em 2018, também afetou. No cenário nacional, a paralisação dos transportes no Brasil teve forte influência e foi o fato inesperado que trouxe mais prejuízos para a atividade. De acordo com o economista, é preciso considerar ainda que a postergação, pelo governo Temer, da Reforma da Previdência, igualmente contribuiu para frustrar a expectativa por um PIB maior em 2018.

 

Para que o crescimento da economia brasileira prossiga pelos próximos cinco ou seis anos, entretanto, o economista da FIERGS ainda vê um longo caminho a ser percorrido, como uma agenda de reformas que solucione a crise fiscal, a melhora na infraestrutura do País, a qualificação do trabalhador, acordos com mercados relevantes e a internacionalização da economia. “Até o final do primeiro trimestre do ano que vem, o novo governo precisa propor que Previdência deseja para o País”, diz.

Em relação ao mercado de trabalho, este ano foi frustrante na geração de empregos. O Brasil deve gerar em torno de 500 mil postos de trabalho, com desemprego em 11,6%. No Rio Grande do Sul, a criação de vagas formais foi muito baixa (cerca de 20 mil postos). Apenas uma pequena parcela dos empregos perdidos com a crise foi recuperada em 2018 – por volta de 10%.

RIO GRANDE DO SUL
Todos os elementos do cenário nacional igualmente compuseram a conjuntura do Rio Grande do Sul em 2018. A estimativa de crescimento de 1,1% no Estado fica abaixo do projetado ao final do ano passado (1,4%). No RS, foi observada uma queda mais intensa da produção do setor primário (-2,5%) em relação ao total do Brasil (-0,5%). Por outro lado, o avanço na indústria foi maior (2%). De acordo com a FIERGS, a crise fiscal se agravou no final do ano e as medidas necessárias para a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal não foram concretizadas, o que eleva o grau de incerteza para 2019. Entre os anos de 2014 e 2016, a produção no Brasil caiu 16,7% e no Estado recuou 18,5%. Assim, os crescimentos de 2017 e 2018 somados não chegam a um terço da queda acumulada.

Publicado Terça-feira, 4 de Dezembro de 2018 - 0h00