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Desde o início da pandemia, a indústria gaúcha vem registrando uma descomunal queda no seu nível de atividade. Segundo pesquisa da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul, 60% das empresas apresentam queda intensa na produção fabril, e 72% apontam redução drástica de faturamento. Essa realidade leva ao fechamento de vagas de trabalho, como lamentavelmente mostrou o recente relatório do Caged :  1,1 milhão de brasileiros ficaram sem emprego formal nos meses de março e abril.

Os números evidenciam a brutal perda de capacidade produtiva, que provoca o encerramento das atividades de inúmeras fábricas e empreendimentos vinculados, causando um efeito devastador na sociedade. Pode-se dizer que, hoje,  o setor industrial está asfixiado, e sem respirador disponível.

As  medidas de apoio à sobrevivência empresarial não estão chegando na ponta. Levantamento da FIERGS com 300 fábricas mostra que 63% das empresas não  conseguem acessar as linhas de crédito para capital de giro, ou seja, não basta anunciar programas sem cuidar da sua execução para que contemplem com rapidez os seus destinatários.  Se essa situação perdurar, ao final da pandemia haverá menos empresas, menos empregos, e uma formidável redução da receita fiscal, o que aumentará  a pressão sobre o Estado.

Por isto, com o mesmo empenho e velocidade em que todos  procuramos achatar a curva de propagação do vírus, é essencial e urgente o achatamento da curva de irradiação da crise na economia.  O foco deve ser o  equilíbrio do isolamento social com a dinâmica das atividades produtivas.

Depois de mais de 60 dias de contingência, ficar em casa ou sair para trabalhar deixa de ser uma escolha : quem pode fica, mas quem precisa, respeitando as normas de proteção, tem que trabalhar.  O Plano de Distanciamento Social Controlado do nosso Estado busca corretamente esse equilíbrio, a fim de não desorganizar ainda mais as cadeias produtivas.

Tudo isto para que a indústria possa sobreviver em patamar compatível com o processo de recuperação que se almeja  e o Estado possa sair da pressão financeira a que está senso submetido.  Caso contrário, a pandemia vai provocar  um pandemônio de difícil reversão.

Gilberto Porcello Petry,
presidente da FIERGS.

Artigo publicado no jornal Zero Hora no dia 30 de maio de 2020.

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Publicado segunda-feira, 1 de Junho de 2020 - 10h10