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Mais da metade das indústrias gaúchas continua com dificuldade para atender a demanda dos clientes por causa da falta de insumos e matérias-primas durante a pandemia. O resultado está na terceira edição da Sondagem Industrial do RS, incluída a Construção, e divulgada nessa segunda-feira (12) pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS).  “Houve uma sinalização de recuperação no setor, mas os problemas permanecem. As novas restrições impostas a diferentes setores econômicos, principalmente por causa do recrudescimento da pandemia, podem fazer esse início de recuperação retroceder”, diz o presidente da FIERGS, Gilberto Porcello Petry. O percentual das que têm deixado de atender algum cliente, porém, recuou de 60,9%, em novembro de 2020, para 52,5%, em fevereiro de 2021.

Essa terceira edição (as outras duas ocorreram em outubro e novembro de 2020) foi realizada entre 1º e 11 de fevereiro com 217 empresas, sendo 182 da Transformação e 35 da Construção. As empresas da indústria de Transformação enfrentam maiores problemas do que as da Construção, mas em ambas eles diminuíram no período: de 64,6% para 56% e de 42,5% para 34,3%, respectivamente. No Brasil, segundo dados da CNI, 45% das empresas da indústria geral (transformação e extrativa) afirmavam não conseguir atender na totalidade a demanda em fevereiro de 2021. A dificuldade recuou em relação a novembro de 2020, quando atingiu 54%.

Das empresas ouvidas pela Sondagem da FIERGS em fevereiro que enfrentaram entraves para atender a demanda, 55,3% registraram ter aumentado a dificuldade em relação a outubro de 2020. Para 32,5%, os problemas não se alteraram, e reduziram em apenas 12,3% dos casos. O aumento dos problemas é percebido com mais intensidade na indústria da Construção: 83,3% das empresas. Na Transformação, 52%.

Ainda de acordo com a pesquisa da FIERGS, pouco mais de oito em cada dez empresas gaúchas, - 81,6% - enfrentavam problemas para obter insumos e matérias-primas domésticos em fevereiro, percentual um pouco inferior aos 85,2% de novembro. A dificuldade era grande para 18,9% das consultadas. Por outro lado, o percentual das que não enfrentam restrições para adquirir insumos e matérias-primas no país subiu de 14,7%, em novembro, para 18%, em fevereiro, situação mais grave na Construção: 88,6% das empresas, contra 80,2% na Transformação.

VOLTA AO NORMAL
A maior parte das empresas gaúchas que enfrentam dificuldades consultadas na Sondagem, 41,8%, acredita na normalização da oferta doméstica de insumos e matérias-primas somente no segundo trimestre de 2021. Vale destacar que, no início de novembro do ano passado, 45,8% das empresas esperavam a normalização no primeiro trimestre. Um percentual importante, de 32,8%, projeta para o terceiro trimestre a solução, e um grupo de 10,2% de pessimistas, somente em 2022. A Transformação e a Construção gaúcha concordaram em relação à normalização da oferta, entre o segundo (41,8% e 41,9% respectivamente) e o terceiro trimestre de 2021 (30,1% e 45,2%).

A Sondagem da FIERGS de fevereiro revelou, também, que 62,2% das empresas utilizam insumos e matérias-primas importados. Nesse grupo, quase sete em cada dez, 68,9%, têm problemas para obtê-los, e as dificuldades atualmente são maiores para 15,6% delas. Nenhuma empresa reportou maior facilidade e para 31,1% a situação está normal. Na comparação com outubro de 2020 – a pesquisa de novembro não questionou sobre isso - as dificuldades aumentaram, pois 63,9% das empresas naquele momento confirmavam enfrentá-las.

Na avaliação da maioria das empresas, a normalização na oferta de insumos e matérias-primas deverá ocorrer entre o segundo (32,3%) e o terceiro trimestre de 2021 (39,8%). Há ainda um contingente importante, de 10,8%, todas da indústria de Transformação, que projeta a volta ao normal no quarto trimestre, e 11,8% no ano de 2022 ou mais adiante.

Publicado segunda-feira, 12 de Abril de 2021 - 16h16