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A crise de alimentos mundial foi o principal foco dos discursos de abertura da Feira Sial Paris, que retorna ao presencial depois da última edição neste formato, em 2018. O presidente do evento, Nicolas Trentesaux, destacou que será necessário duplicar a produção mundial até 2050, quando a população do planeta se aproximará dos 10 bilhões. Segundo ele, o consumidor busca por comida mais fresca e menos processada, e que para isso novas alternativas precisam ser criadas: há a necessidade de repensar a relação com a agricultura, o processamento e distribuição de produtos. Uma missão com mais de 50 integrantes gaúchos, organizada pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-RS), participa da feira. 

O ministro da Agricultura da França, Marc Fesnau, ressaltou a necessidade de uma competição justa para a abertura de novos mercados. “Mas para garantir quantidade não devemos abrir mão da qualidade, devem caminhar juntas", afirmou em seu discurso. A França adota políticas protecionistas, barrando a entrada de produtos mais baratos vindos de outros países. A feira inaugurou no sábado (15) e termina nesta quarta-feira, 19 de outubro.

O presidente da FIERGS e do Conselho Deliberativo do Sebrae-RS, Gilberto Porcello Petry, que lidera a comitiva gaúcha a Paris, entende que as exigências externas funcionam quando a economia vai bem. “Quando a economia tem um problema vale outra regra: vence quem tem para fornecer", destaca, ao lembrar da crise energética pela qual a Europa passa por causa do confronto entre Rússia e Ucrânia e as sanções econômicas impostas aos russos, principais produtores de gás da região, e que reduziram o fornecimento aos europeus. “Com alimento é a mesma coisa. Se der para fazer como se exige, tudo bem. Mas se não, na hora que a população necessitar, vai consumir aquilo que estiver disponível, e o Brasil tem qualidade e quantidade", diz Petry, lembrando que o País vai colher 314 milhões de toneladas em 2022-2023 de safra de grãos, a terceira maior do mundo.

O Brasil está entre os dez países com presença forte na Sial 2022, em sétimo lugar na lista com mais inscritos, de acordo com a organização da feira. Além disso, a comitiva brasileira é a maior na história de participação na feira, com 225 participantes no grupo coordenado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Deste grupo, a comitiva do RS, organizada pela FIERGS, é a que possui mais integrantes. Até quarta-feira, são esperados 300 mil visitantes, e segundo projeções da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil), as empresas brasileiras esperam fechar US$ 500 milhões em negócios na principal feira de alimentos e bebidas do mundo.

Entre os expositores brasileiros individuais da feira, está a gaúcha Peccin. Ao circular pelo centro de exposições em Paris, Gilberto Porcello Petry visitou o estande da empresa de doces e chocolates, onde se encontrou com o presidente do grupo, Dirceu Pezzin. É a décima participação da empresa de Erechim na Feira Sial. Petry também esteve com o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin.

Publicado segunda-feira, 17 de Outubro de 2022 - 14h14