Você está aqui

Analista internacional fala sobre o futuro da Argentina e os impactos para o Brasil

O cenário eleitoral e as perspectivas da Argentina em relação à política e à economia a partir das eleições que ocorrerão em outubro foram tratados pelo analista internacional e correspondente do La Nación no Brasil, Gustavo Segré, em palestra na FIERGS. Segré falou sobre o futuro das relações com o Brasil a partir da vitória de um dos três principais candidatos saídos das primárias de agosto e que buscam a presidência no país vizinho: Javier Milei, Sergio Massa e Patricia Bullrich.

O analista afirmou que atualmente, na Argentina, 25 milhões de pessoas recebem algum auxílio do governo. E que, de cada quatro eleitores que não dependem do Estado, outros 12 dependem. Além disso, reforçou, 5,8 milhões trabalham para o Estado. Eram 2,5 milhões no ano de 2001. “O déficit fiscal argentino é recorde e recorrente”, observa, ressaltando que, hoje, um dólar equivale a cerca de 700 pesos. O desalento entre os jovens é tanto que, reforça ele, 68% dos alunos argentinos do Ensino Médio pensam em deixar o país após o término dos estudos.

Segundo Segré, entre os três candidatos, Massa é o mais alinhado ideologicamente com o Brasil, e uma eventual vitória sua não mudaria a perspectiva econômica e social que a Argentina vive atualmente, nem a relação com o governo Lula. Já Milei é definido por Segré como um anarcocapitalista que não aceita o Estado, mas com “uma inteligência emocional que não é das mais positivas”. Javier Milei surge como alguém para quebrar a casta política, diz, e já afirmou que, caso seja eleito, não pretende negociar e irá cortar relações com países comunistas como a China. Segré coloca em dúvida a possibilidade de governabilidade de um possível governo Milei, e de como seria o relacionamento com o Brasil.

Em relação a Patricia Bullrich, o analista internacional argentino a define como uma candidata que defende um Estado menor, equilíbrio fiscal, governo austero e meritocracia. Para Gustavo Segré, a vitória desta candidata  não ameaçaria o comércio entre Brasil e Argentina, mas o relacionamento entre as duas nações seria “frio”. A palestra ocorreu na segunda-feira, foi organizada pela FIERGS, por meio do Conselho de Comércio Exterior (Concex), e mediada pelo vice-coordenador do Concex, Amadeu Pedrosa Fernandes. O apoio foi da Câmara Empresarial Argentino-Brasileira do Rio Grande do Sul.

Publicado segunda-feira, 28 de Agosto de 2023 - 17h17