Você está aqui

O 2º Congresso Sindical da Indústria, realizado pela FIERGS, por meio da Unidade de Desenvolvimento Sindical (Unisind), entre 30 de outubro e 1º de novembro, em Restinga Seca, promoveu troca de ideias, conhecimento e insights sobre o futuro da FIERGS, das indústrias e dos sindicatos industriais gaúchos. Mais que isso, a edição 2024 ultrapassou essa fronteira e foi marcada pela união de esforços e trabalho em equipe compostos por diferentes perfis de pessoas e por um bem maior: a solidariedade.

Em uma das atividades do congresso, representantes de sindicatos industriais e demais participantes foram surpreendidos com uma dinâmica especial. Divididos em equipes, receberam o desafio de montar bicicletas completas em conjunto. O que eles não imaginavam era que essa metodologia, proposta pela Dinâmica Interação Corporativa, proporcionaria um dos momentos mais emocionantes do evento. Quarenta crianças do contraturno escolar do Sesi, de Santa Maria, estavam presentes e foram presenteadas com as bicicletas montadas pelos participantes. Para muitos desses estudantes, ganhar uma bicicleta era a realização de um grande sonho. “É exatamente o que queremos fazer nesses três anos à frente da FIERGS. Que os sindicatos participem conosco, da nossa gestão, os nossos sindicatos e diretores têm voz, são muito importantes em uma entidade tão grande como a nossa”, declarou o presidente do Sistema FIERGS, Claudio Bier.

CENÁRIO SINDICAL
A abertura do evento, na noite de quarta-feira, teve fala do vice-presidente executivo da CNI e ex-presidente do Sistema FIERGS, Gilberto Porcello Petry, que relembrou a edição anterior do Congresso e projetou importantes debates para a versão de 2024. Já a palestra inicial foi da superintendente de Relações do Trabalho da CNI, Sylvia Lorena, que abordou o tema Cenário Sindical e Desafios em 2024, com intermediação do diretor do CIERGS e coordenador do Conselho de Relações do Trabalho (Contrab) da FIERGS, Guilherme Scozziero.

Sylvia informou que há quase 17 mil sindicatos no Brasil, entre patronais e de trabalhadores. Na média, são mais de três entidades por município no País. Como base de comparação, na Alemanha, em 2021, havia cerca de 70 sindicatos, no Reino Unido, 124, e em Portugal, 400. Os Estados Unidos, com uma população aproximadamente 50% maior que a brasileira, registrava 130 sindicatos. “Atualmente, a maior oportunidade, que não deixa de ser um desafio para o elevado número de sindicatos no Brasil, é o fortalecimento, ou seja, promover a aproximação com as indústrias das categoria que representam, para que possam compreender suas demandas, fazer a defesa de interesse, representação, buscando uma indústria mais competitiva e o crescimento do país. O desafio é entender e oferecer aquilo que efetivamente a indústria representada precisa”, sugere Sylvia.

No painel Registro Sindical – Regras Atuais, a especialista em Políticas e Indústria, com foco em Relações Sindicais na CNI, Andreia Lopes, falou, entre outros tópicos, sobre o Portal Conexão Trabalho, da Confederação. No link conexaotrabalho.portaldaindustria.com.br, é possível encontrar o que há de mais recente na área de relações do trabalho, conteúdo sobre questões trabalhistas, de segurança e saúde do trabalho, previdenciárias e sindicais. Já a chefe da Seção de Relações do Trabalho da Superintendência Regional do Trabalho no RS, Aline Elesbão, detalhou o passo a passo de como realizar, de acordo com a portaria vigente, o pedido de atualização de dados perenes dos sindicatos junto ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), como filiação, composição de diretoria e localização.

RELAÇÕES TRABALHISTAS
O painel Relações Trabalhistas e Sindicais – Atualizações e Estratégias para empresas e sindicatos trouxe três temas para o debate. O advogado mestre em Direito Privado e conselheiro do Contrab Thiago Guedes abordou Contribuição Assistencial: direito de oposição, STF e como Conduzir Negociações Eficazes, recapitulando o histórico recente das contribuições sindicais e as inseguranças jurídicas ocasionadas para as empresas. Na sequência, o advogado mestre em Direito e conselheiro do Contrab Benôni Rossi tratou da A prevalência do negociado sobre o legislado e a posição atual do STF: (INS) segurança jurídica?.

O advogado especialista em Direito do Trabalho e conselheiro do Contrab Gustavo Juchem tratou de dois desafios atuais para as empresas, na fala intitulada Igualdade e Transparência Salarial, Combate ao Assédio. Ele apresentou as legislações existentes relativas aos temas, além de compartilhar sugestões de prevenção de assédio nas empresas, incluindo criação de código de conduta, canal de informações e a estruturação de apoio às vítimas.

REFORMA TRIBUTÁRIA
A reforma tributária brasileira é considerada uma prioridade para elevar a competitividade das empresas nacionais e impulsionar um crescimento econômico sustentável. Essa foi uma das principais conclusões do painel Reforma Tributária: Desmistificando Mitos e Posicionando a Indústria para o Futuro, nesta sexta-feira.

O painel teve o superintendente de Economia da CNI, Mário Sérgio Carraro Telles, como painelista. Ele discutiu o impacto da reforma na cadeia produtiva e a integração com o Simples Nacional no contexto do IBS/CBS (Imposto sobre Bens e Serviços/Contribuição sobre Bens e Serviços). Telles destacou que o sistema tributário ideal precisa garantir o equilíbrio competitivo e impulsionar as vocações industriais do país. Contudo, o sistema vigente impõe barreiras significativas para os produtos nacionais da indústria, dificultando sua competitividade tanto no mercado externo quanto no interno, onde enfrentam uma clara desvantagem em relação aos produtos importados. “O tributo incide em cada fase da circulação de mercadorias e serviços, sem possibilidade de abatimento completo na etapa seguinte”, explicou.

Outro ponto abordado foi o fim dos incentivos fiscais e a preparação das empresas para essa transição, tema explorado pelo advogado Paulo Caliendo, conselheiro do Conselho de Assuntos Tributários, Legais e Cíveis  (Contec) da FIERGS. Ele reforçou que as indústrias precisam se adaptar a um novo cenário fiscal, em que a carga tributária será distribuída de forma mais justa entre os setores, aliviando especialmente a indústria, atualmente a mais onerada. O painel foi mediado pelo diretor da FIERGS e coordenador do Contec, Rafael Sacchi.

FIERGS DO FUTURO
Já a oficina FIERGS do Futuro teve como objetivo elaborar o planejamento estratégico da entidade de forma coletiva, com a contribuição dos sindicatos industriais. O CEO do Sistema FIERGS, Paulo Herrmann, conduziu a abertura da oficina e destacou que o objetivo é elaborar um planejamento que contemple os quatro pilares: competitividade, inovação, retenção de talentos e reconstrução das indústrias.

CASES DE BOAS PRÁTICAS DE SINDICATOS GAÚCHOS
As boas práticas sindicais fizeram parte da programação do Congresso Sindical da Indústria. Três sindicatos compartilharam projetos que estão ampliando sua representatividade, fortalecendo a atividade industrial e projetando o futuro dos jovens e do associativismo.

O Sindicato da Indústria da Mineração de Brita, Areia e Saibro do RS (Sindibritas-RS), mostrou sua iniciativa por meio do mapeamento das indústrias e jazidas de areia com ferramentas de georreferenciamento. Como resultado aumentou a sua receita em 43,64% e agregou 24 novas empresas.

O Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do RS (Sindilat-RS) ampliou ações, entre elas orientações e boas práticas tributárias e sanitárias para o setor, bem como a integração da cadeia produtiva e a valorização dos produtores. Distinções para valorizar o setor também fazem parte das iniciativas, como o Prêmio Referência Leiteira do RS.

Já o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (Simecs) apresentou o projeto Escola do Amanhã, voltado para que estudantes desenvolvam habilidades essenciais para o mercado de trabalho, como comportamento profissional, leitura e interpretação de desenho mecânico, metrologia e até programação básica em robótica. O projeto conta com o apoio e envolvimento do Sesi e Senai.

Publicado sexta-feira, 1 de Novembro de 2024 - 15h15