A atividade industrial gaúcha do primeiro semestre de 2011 fechou com uma modesta taxa de crescimento de 0,7%, em relação ao mesmo período do ano passado. "O resultado tímido foi puxado pelas variáveis ligadas à produção, principalmente o faturamento, e só não foi pior porque os salários pagos aumentaram nesse período", afirmou o presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), Heitor José Müller, ao divulgar o Índice de Desempenho Industrial (IDI-RS), nessa quinta-feira (4).
O faturamento do setor industrial retraiu 2,16%, afetando 10 dos 17 setores pesquisados, e está no mesmo nível do primeiro semestre de 1997, descontada a inflação. Uma queda acentuada por causa do peso da indústria exportadora na matriz produtiva do Estado, na qual o recuo chegou a 5% no faturamento de janeiro a junho desse ano.
Segundo o presidente da FIERGS, a continuidade do processo de valorização cambial e o mercado internacional restritivo são os principais entraves. E, no curto prazo, não são esperadas mudanças, o que foi sinalizado pela perda de 2,9% nas compras industriais. ."Os estoques de produtos finais estão acima do planejado hoje, por falta de demanda, implicando em menos produção amanhã", explicou.
Os impactos negativos no nível de atividade e na expectativa dos industriais, conforme Müller, também são consequência da elevada taxa de juros e da carga tributária, além da escassez de mão de obra. Conforme a Sondagem Industrial da FIERGS, para 65,9% dos empresários, a alta tributação é o maior problema enfrentado, seguida pela queda do dólar e pela competição acirrada do mercado. "Esperamos que as medidas da Política Industrial anunciada consigam evitar que a situação se agrave", assinalou.
Já em relação ao mercado de trabalho, o cenário é inverso na indústria do Estado. A massa salarial cresceu 4,5% e o emprego acelerou 2,5%. Na comparação com os seis primeiros meses do ano passado, há 17 mil pessoas empregadas a mais. Os segmentos com maior reflexo nesse resultado foram Veículos Automotores (12,2%), Produtos de Metal (8,1%), Máquinas e Equipamentos (3,7%) e Couro e Calçados (1,7%).
Junho − Quando apenas o mês de junho é avaliado, o desempenho do setor industrial gaúcho apresenta um recuo de 2,2%, na comparação com maio, sem os efeitos sazonais. Essa redução é a maior desde abril de 2009.