Entidade alerta para os efeitos na economia brasileira e gaúcha
A Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS) tem acompanhado atentamente a deterioração do cenário externo e seus possíveis impactos sobre a economia brasileira, e essencialmente a gaúcha. "Não devemos ser alarmistas. Porém, não estamos totalmente blindados contra os efeitos da crise dos Estados Unidos", afirmou o presidente da entidade, Paulo Tigre, destacando que a crise está agora concentrada nas economias desenvolvidas, mas que deverá alcançar os países emergentes, como o Brasil, através de dois canais: o comercial e o financeiro.
Do lado comercial, segundo Tigre, é preciso lembrar que nos últimos anos a mola propulsora das vendas externas brasileiras, mesmo num cenário de valorização persistente do câmbio, foi o crescimento contínuo da renda mundial. Quando essa demonstra claros sinais de desaceleração, acendem-se alertas sobre economias como a gaúcha, que tem uma parte significativa de seu Produto Interno Bruto (PIB) explicado pelo desempenho das exportações.
O presidente da FIERGS salienta, entretanto, que é do lado do crédito que são identificadas as maiores ameaças latentes. Atualmente, verifica-se no mundo uma conjuntura de falta de liquidez. Nesse sentido, é sabido que o aumento do crédito a pessoas físicas e empresas foi fator determinante para a explicação da dinâmica de crescimento das economias brasileira e gaúcha também nos últimos anos. Assim, é fundamental que a autoridade monetária do País se mostre atenta à situação de modo que não haja restrição aos fluxos de financiamento especialmente nos meses de outubro, novembro e dezembro, que são a chave para o desempenho dos setores de indústria e comércio no ano. "Temos que cuidar do Natal de 2008, mas com olhos voltados para o Natal de 2009. Não pode faltar crédito para o setor industrial no último trimestre deste ano, só que é preciso vislumbrar os próximos 12 meses. As indústrias não vivem do curto prazo e precisam ter uma antevisão mais adiante", destacou Tigre.
Por fim, "vale salientar que mais uma vez o Brasil perdeu um excelente momento histórico para realizar as reformas tributária, trabalhista e previdenciária que muito ajudariam ao País a consolidar uma trajetória de crescimento sustentado de longo prazo, e passar por situações como as vividas hoje com menor vulnerabilidade", salientou Tigre. Para ele, as reformas precisam estar na agenda do governo a fim de que se possa estabelecer no Brasil um ambiente de negócios competitivo de forma permanente. "Desse modo, a FIERGS reafirma seu apoio a todas as medidas de promoção ao crescimento e desenvolvimento econômico sustentável do País e do Rio Grande do Sul, ao mesmo tempo que deposita sua confiança nos agentes econômicos nacionais para a superação desse momento de crise de maneira tranqüila", destacou o industrial.
A FIERGS está atuando, conforme Tigre, como uma "central de monitoramento da crise", interagindo com a Confederação Nacional da Indústria. "O importante será sempre delimitar os efeitos negativos nas suas dimensões, e não deixar se agravar, ou seja, não podemos abrir espaço para que alguns acidentes de percurso se transformem num imenso congestionamento da economia brasileira".