Levantamento realizado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), divulgado nessa segunda-feira (27), revela que a indústria gaúcha deixou de comercializar R$ 180 milhões em média por dia como consequência da crise do coronavírus. O resultado foi obtido por meio do acompanhamento do valor das Notas Eletrônicas (NF-e + NFC-e) emitidas no Estado e divulgado semanalmente pela Receita Estadual. Isso permite ter uma estimativa das perdas financeiras por conta da queda nas vendas da atividade econômica gaúcha durante a paralisação. “A continuarem as restrições de funcionamento de diversas atividades no Estado, esse cenário de dificuldades será aprofundado. A redução na produção e nas vendas prejudica ainda mais a situação financeira das empresas, muitas delas ainda em recuperação da grande recessão de 2015-2016, o que pode provocar desemprego ou até mesmo o encerramento de atividades de algumas indústrias”, diz o presidente da FIERGS, Gilberto Porcello Petry.
Como reflexo da diminuição do consumo em razão do isolamento social, as quatro últimas semanas foram de perdas expressivas para a economia gaúcha. Os dados mais recentes, de 11 a 17 de abril, revelam queda de 13,1% do valor médio diário de emissão de Notas Eletrônicas, na comparação com o mesmo período de 2019, e somam-se às perdas de 22,9%, 31,5% e 10,6% registradas nas três semanas anteriores.
Entre os três setores acompanhados pela Receita Estadual, a maior queda nas vendas na última semana ocorreu no Varejo (- 27,7%), seguido pelo Atacado (-21,8%) e pela Indústria (-16,6%). O montante que deixou de ser comercializado ajuda a dimensionar o prejuízo para o setor industrial: em média, a venda diária foi de R$ 697,83 milhões, ao passo que no período equivalente do ano passado foi de R$ 836,73 milhões, uma redução R$ 138,90 milhões.
Porém, considerada desde o início da crise, a venda média diária foi R$ 180 milhões menor em relação ao igual período de 2019. No acumulado entre 16 de março e 17 abril, a queda equivaleu a R$ 5,7 bilhões frente à mesma base de comparação do ano passado. Entre os 19 segmentos industriais para os quais há dados, apenas sete apresentaram crescimento nas vendas no acumulado das últimas cinco semanas (16 de março a 17 de abril). As atividades que conseguiram crescer estão relacionadas à área de alimentação, como a produção de Arroz (+40%), Suínos (+35%), Trigo (+19%), Leite (+14%) e Aves e Ovos (+14%), bem como de Produtos de limpeza (+32%). Entretanto, até mesmo nesses segmentos houve desaceleração nas taxas de crescimento das vendas no decorrer da crise.
Por outro lado, as maiores retrações foram nos segmentos de Couros e calçados (-72%), Móveis (-54%), Têxteis e confecções (-53%), Metalurgia (-49%) e Veículos (-47%).
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