Mesmo com a conjuntura desfavorável, Copom segura Selic em 11,25%
Apesar de deterioração do cenário interno (o aumento da inflação em dezembro), a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de manter a taxa básica de juros, a Selic, em 11,25%, não surpreeendeu a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul. "Já esperávamos a manutenção da taxa de juros, diante da dinâmica da inflação em 2007 e da inquietude dos mercados", afirmou o presidente da FIERGS, Paulo Tigre, nesta quarta-feira (23).
Segundo o industrial, a iniciativa do Federal Reserve, o Banco Central americano, de reduzir em 0,75 ponto percentual a taxa básica de juros nos Estados Unidos (para 3,5%), foi um fator importante para evitar um aumento da Selic. A medida, por aumentar o diferencial de juros brasileiro, ajuda a evitar fuga de capitais estrangeiros do país. Se recursos externos ensaiassem uma saída do Brasil, haveria impactos sobre o câmbio, e assim, sobre a inflação.
O aumento dos preços nos últimos meses − em dezembro, o IPCA fechou em 0,74% e no ano chegou a 4,46% − deverá colocar o Copom em estado de alerta durante esse ano, conforme Tigre. "Porém, grande parte da inflação de 2007 reflete a elevação dos preços dos alimentos em escala mundial. Assim, uma alta agora poderia inibir setores que desejam investir, o que traria prejuízos para o crescimento do país em 2008 sem benefícios relevantes em termos de controle inflacionário", destacou.
Além disso, como o aumento da Selic traria efeitos negativos sobre os gastos decorrentes dos encargos da dívida, uma elevação da taxa básica poderia gerar mais custos do que benefícios.
O próximo encontro do Copom será nos dias 6 e 7 de março.