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Mistura de rádio e teatro encanta crianças

Espetáculo A Família Sujo foi apresentado no Teatro do Sesi

O projeto Crescendo com Arte Sesi apresentou, nesta segunda-feira, o espetáculo A Família Sujo, para um público de 2100 crianças do ensino fundamental de Porto Alegre e Região Metropolitana. Com direção de Mirna Spritzer e Raquel Grabauska, a montagem é do grupo Cuidado que Mancha, com trilha sonora de Gustavo Finkler.

Muitas das crianças que se acumulavam na entrada do teatro estavam estreando como espectadoras de uma montagem teatral. Os alunos da Escola Estadual Antonio Gómez Correa, de Gravataí, fazem parte do grupo que participa pela primeira vez do projeto. A professora Clarice Dutra salienta a importância da iniciativa na vida dos alunos. "São crianças que, muitas vezes, não têm acesso a esse tipo de trabalho, a maioria nunca teve a oportunidade de, ao menos, vir até Porto Alegre. Portanto, para eles tudo é novidade", afirma. Para Anisia Tedesco, também professora da escola de Gravataí, "essa iniciativa de unir arte e educação é muito importante. Já tenho uma experiência, a minha mãe é professora de artes, então compreendo bem esse trabalho. Através do lúdico, podemos colocar em pauta discussões sobre valores, que são importantes nessa etapa", disse. Giovane de Paula, 9 anos, aluno da terceira série, aguardava com ansiedade a entrada no teatro. "Já vi outras peças antes, mas acho que essa vai ser muito legal", comentou.

A montagem, fundamentada no uso de elementos sonoros, começa com a interação entre atores e o público, fator presente em todo o espetáculo. Orientada pelas atrizes, a platéia é dividida em duas partes, e convidada a decorar o refrão da música principal do roteiro. Enquanto uma parte entoava "família sujo", a outra completava com "suja tudo, tudo suja". Giovane estava no segundo grupo, e ficou atento para cada solicitação das atrizes. Para as crianças, esse era o momento mais divertido. No decorrer da história, conhecemos Sérgio, Sula e Silvia Sujo, uma família que não se preocupa com a limpeza.

Os pais de Sílvia vivem um momento de aflição quando a menina se perde no meio da própria sujeira. Com muitas canções e efeitos sonoros, produzidos com aparelhos eletrônicos e instrumentos customizados, o trio de "rádio-atores" mantém a atenção das crianças até o final do espetáculo, que durou quarenta minutos.

Raquel Grabauska, a única integrante do elenco que participa desde a primeira montagem, em 2002, destaca o diferencial da peça. "A Família Sujo é uma união entre música, teatro e literatura. Nós chamamos de rádio-teatro, pois não temos cenários convencionais, mas sim uma mesa com objetos sonoros. Dessa forma, cada criança cria uma imagem diferente para as situações narradas". Sobre a proposta do livro/CD como atividade complementar, entregue para a professora representante de cada escola, Raquel destaca que "ao ouvir as músicas na sala de aula, ou em casa, há um contato permanente com a mensagem que passamos, afinal, a criança aprende por repetição".

Na saída, Giovane demonstrava toda a alegria com o evento. "Achei ótimo, aprendi as músicas e também que sempre devemos tomar banho", falou. Para os alunos da Escola Municipal Especial Lampadinha, de Cachoeirinha, o espetáculo adquiriu proporções maiores. Portadores de transtornos mentais, cada um enxergou no teatro uma visão maior do próprio mundo. A professora Vera Wolf acredita que "o fato de saírem se seu ambiente rotineiro proporciona mais socialização e interação para eles. Mesmo com suas limitações, eles conseguem ampliar a leitura das coisas ao redor", afirma.

Publicado segunda-feira, 1 de Setembro de 2008 - 0h00