Os obstáculos enfrentados pelo setor industrial gaúcho para a obtenção de crédito e o seu impacto na competitividade foram analisadas pela Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS). "Entre os diversos fatores que compõem o quadro de dificuldades estruturais que corroem o desenvolvimento da economia, em especial das empresas, está o financiamento. Recursos escassos e custos elevados inviabilizam projetos de investimentos, indispensáveis ao crescimento econômico, à geração de emprego e renda", avaliou o presidente da entidade, Heitor José Müller, nesta quarta-feira (26), ao divulgar a Sondagem Especial − Financiamento e Endividamento.
De acordo com o levantamento, as maiores dificuldades na obtenção de crédito no segundo trimestre de 2012 foram o pedido de garantias reais (51,1% das respostas), a falta de linhas de crédito adequadas à necessidade da empresa (45,6%), as exigências de documentos e renovação de cadastros (34,4%), o alto custo dos empréstimos e financiamentos (30,0%) e a exigência de garantias pessoais (18,9%).
Os resultados demonstram ainda que as principais fontes de financiamentos do setor industrial gaúcho são seus próprios recursos e os empréstimos bancários, cujas taxas de juros, na visão da maioria dos empresários, não apresentaram diminuição significativa. A Sondagem revelou ainda que uma parte considerável das indústrias não conseguiu o valor suficiente para suas necessidades, ao mesmo tempo, em que mostrou que uma grande parcela não tem mais como endividar-se.
O objetivo da Sondagem Especial − Financiamento, que abrangeu 160 empresas, foi apresentar um panorama geral do financiamento em 2012 na visão dos empresários, na esteira dos movimentos de ampliação do crédito, da queda dos juros e dos spreads, identificando a forma como as empresas financiam suas operações, o comportamento dos juros e dos prazos, as dificuldades enfrentadas na busca por financiamento, bem como o grau de endividamento.
Resultados
· Tipo de financiamento utilizado pelas empresas
O capital próprio, utilizado por 66,3% das empresas, é a principal fonte de financiamento;
Empréstimos e financiamentos no sistema bancário obtiveram 64,4% das respostas;
Crédito de fornecedores/clientes recebeu 33,1% das assinalações, também se mostrou uma alternativa importante;
Captação externa foi registrada por 6,3% das empresas e, por fim, 4,4% via mercado de capitais e fundos de investimentos.
· Taxas de juros de curto prazo, comparativamente aos três meses anteriores (julho):
Para 46,4% dos empresários as taxas diminuíram;
Não se modificaram para 44,8% dos mesmos e 8% reportaram taxas maiores.
· Taxas de juros de longo prazo, comparativamente aos três meses anteriores (julho).
Recuaram para a quase metade das empresas respondentes (49,6%);
Ficaram no mesmo patamar para 41,9%;
Para uma pequena parte das empresas, 7,7%, as taxas aumentaram.
· Prazos dos empréstimos e financiamentos aprovados, quando comparados com o ano de 2011
26% das empresas não solicitaram e 1,2% não teve seu pedido aprovado;
Entre os demais, 71,2%, afirmaram que continuam os mesmos;
Para 15,3%, ficaram mais longos e para 13,5%, os prazos ficaram mais curtos.
· Percepção com relação ao valor de crédito aprovado no segundo trimestre
Entre as empresas que tiveram suas solicitações de empréstimos aprovadas, 57,7% conseguiu no valor necessário;
Para 19,6% das empresas o valor aprovado foi superior ao necessário;
Dos respondentes, 22,7% não conseguiram aprovar os valores necessários.
· Percepção do empresário com relação ao endividamento atual da empresa
Não estão endividadas, 21,2% das empresas;
Entre as empresas endividadas, 29,5%, está no seu limite de endividamento e 17,2%, acima;
Dos endividados, 53,3% afirmaram estar abaixo do limite;
Levando em conta as empresas não endividadas, o percentual de empresas endividadas no limite ou acima.