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Brasil vai continuar a crescer, mas com moderação

O Brasil vai continuar a crescer. Mas com mais moderação. Esta foi a conclusão do 2º Meeting de Economia - "O Brasil vai continuar a crescer?", promovido pelo Sistema FIERGS, por meio do Instituto Euvaldo Lodi (IEL-RS), com apoio do Conselho Regional de Economia (Corecon-RS) e da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência (Abrapp). O evento reuniu os economistas Mônica Baumgarten de Bolle, Paulo Rebello de Castro e Fábio Giambiagi que falaram sobre infraestrutura, mercado de trabalho, consumo, crédito e sistema financeiro e previdência.

A professora de macroeconomia da PUC-Rio, Mônica de Bolle, destacou que devido ao ambiente de incerteza no cenário internacional, o Brasil continua sendo atrativo, apesar de alguns problemas graves como a infraestrutura e a falta de ajustes do governo, um país atrativo para investir. "O grau de endividamento das famílias brasileiras já é alta devido às taxas de juros, e com a inflação subindo, o consumo deverá diminuir", afirmou Mônica, lembrando que este problema de crédito não deve ser comparado ao problema norte-americano que gerou a crise de 2008. "Ao combater a inflação mais duramente, o custo de um crescimento mais baixo no curto prazo seria mais do que compensado por uma trajetória sustentável de médio prazo", disse. "Além disso, os riscos do mercado de crédito que tanto preocupam seriam atenuados com o controle da inflação, que preservaria a renda das famílias mais endividadas", concluiu.

A previdência social brasileira foi tratada como o "elefante na sala" pelo chefe do Departamento de Gestão de Risco de Mercado do BNDES, Fábio Giambiagi. Conforme ele, se o "envelhecimento" do Brasil não começar a ser tratado, em breve não haverá população economicamente ativa que sustente a previdência. Giambiagi salientou que a sociedade não está se dando conta que, demograficamente, estamos crescendo cada vez menos com um aumento cada vez maior da faixa etária de mais de 60 anos. "Ou a produtividade dará um salto, ou teremos muitas dificuldades para crescer", enfatizou.

Paulo Rebello de Castro colocou outro grande problema: a educação. "O pré-sal não vai nos salvar. O que vai nos salvar é uma população com mais educação, com mais saúde. É trabalho e massa cinzenta", opinou. "É preciso um ajuste do governo. É o governo que tem que fazer a sua parte. Ele cobra impostos, mas não entrega os serviços", ressaltou ele. Doutor em Economia pela Universidade de Chicago, Rebello disse que é preciso uma mobilização da sociedade para que haja uma mudança forte. "Temos que aloprar para mudar", concluiu.

Publicado Terça-feira, 2 de Agosto de 2011 - 0h00