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Salvar o Rio dos Sinos só com saneamento básico

O problema da falta de oxigênio do rio do Sinos, que resultou na mortandade de peixes, é causado pelo esgoto doméstico e pelos lixões. Esta é a principal conclusão do trabalho realizado pelo Grupo Temático de Saneamento do Conselho de Infra-estrutura e pelo Conselho de Meio Ambiente da FIERGS divulgado nesta quinta-feira (23), na sede da entidade. Conforme o coordenador do Conselho de Infra-estrutura, Ricardo Portella Nunes, das cargas poluidoras lançadas na bacia, 89% são de esgotos e apenas 11% são de resíduos industriais. ¿Além disso, os resíduos das indústrias são tratados antes de serem despejados e estão dentro dos parâmetros permitidos pela Fepam¿, lembrou. Ele destacou que do ano de 2000 para cá já houve novos investimentos das indústrias. ¿O percentual deve estar em torno de 5% a 7%¿, concluiu.

O estudo apresentado mostra que se as empresas inadimplentes devem arcar com suas responsabilidades e corrigir eventuais falhas, de outra parte não se justifica a tentativa de transferir responsabilidades a todo um setor industrial que vem atendendo, com imenso esforço, e elevados custos aos padrões ambientais estabelecidos. ¿A FIERGS não compactua com quem não cumpre a lei. Esta casa é cristalina¿, afirmou o coordenador do Conselho de Meio Ambiente, Torvaldo Marzolla Filho. Ele salientou ainda que o Rio Grande do Sul está entre os cinco Estados com menos investimentos em saneamento básico.

O estudo mostra que o Poder Público tem que investir cerca de R$ 500 milhões na área de saneamento para atender a população superior a um milhão de habitantes da Bacia do rio do Sinos, e que para todo o Estado são necessários investimentos de R$ 2 bilhões. ¿As indústrias da região do Vale dos Sinos investem cerca de US$ 18 milhões por ano no tratamento de resíduos¿, disse o integrante do GT de Saneamento, Adjalmo Gazen, que apresentou o trabalho. ¿As prefeituras e o Estado não investem nem 10% deste valor em saneamento¿, lembrou. O coordenador do GT Saneamento, Edgar Cândia, explicou que este problema é grave e que continuará acontecendo se algo não for feito. ¿Não há qualquer projeto para amenizar este problema¿, disse ele.

¿O fato é que a responsabilidade da indústria frente ao que ocorreu no rio dos Sinos é próximo a zero¿, disse Portella Nunes.

O fator mais relevante, conforme o estudo, foi a inexistência de um adequado sistema de saneamento básico nas cidades, atribuição do Poder Público.

Publicado quinta-feira, 23 de Novembro de 2006 - 0h00