No último dia do Encomex Mercosul, que ocorreu no Centro de Eventos da FIERGS, em Porto Alegre, dia 1º de setembro, o diretor do Departamento de Negociações Internacionais do Ministério das Relações Exteriores (MRE), Evandro Didonet, disse que a orientação do governo brasileiro aos negociadores é "avançar o quanto for possível", até o final deste ano, na direção de um acordo comercial entre os blocos econômicos. As negociações, que tiveram início em 1999, estavam paralisadas desde 2004 e foram retomadas oficialmente em maio de 2010. Segundo Evandro Didonet, atualmente os negociadores brasileiros se concentram no estabelecimento de um quadro normativo com definições sobre normas de origem, barreiras técnicas e fitossanitárias, mecanismos de solução de controvérsias, entre outras.
Os setores automotivo e agrícola são estratégicos para as duas partes. O Mercosul quer definições sobre como serão tratados os subsídios agrícolas europeus e a União Europeia se preocupa com a abertura industrial: "É importante decidirmos questões do marco normativo para, depois, em Bruxelas, apresentarmos ofertas melhoradas de abertura comercial", destacou o embaixador Didonet, citando a 18ª reunião do Comitê de Negociações Birregionais Mercosul-EU, marcada para o próximo mês, na Bélgica. Além disso, em meados de setembro, o comissário de Comércio da União Europeia (UE), Karel de Gucht, virá ao Brasil para tratar do acordo de livre comércio com o Mercosul. O comissário deve se reunir com os ministros Miguel Jorge, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e Celso Amorim, das Relações Exteriores (MRE).
No encerramento de sua participação no evento, o embaixador Didonet declarou: "Não será um processo fácil, mas se conseguirmos chegar a um resultado, terá impacto para o fortalecimento do Mercosul. Por isso, a orientação do governo brasileiro é de que haja forte engajamento nas negociações". A gerente executiva da Unidade de Negociações da CNI, Soraya Rosar, que também participou do painel de abertura do segundo dia do Encomex Mercosul, disse que a retomada das negociações foi vista com cautela por alguns setores do empresariado brasileiro, mas que a orientação de reiniciar as conversas pelo marco normativo é uma boa decisão: "Pode levar mais tempo, mas dará segurança aos empresários, por isso a estratégia do governo brasileiro conta com total apoio do setor privado", acrescentou.