O Índice de Desempenho Industrial (IDI-RS), indicador de atividade calculado e divulgado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), nessa quarta-feira (3), caiu 13,2% em abril, na comparação com março, quando já havia recuado 10,3% ante o mês anterior. As duas taxas são recordes negativos, levando a atividade industrial em abril, pelo segundo mês seguido, ao menor patamar da série dessazonalizada (desde 2003). “Os choques provocados pela pandemia já tiveram reflexo na indústria gaúcha em março em meio às medidas de isolamento impostas a partir da segunda quinzena do mês. Em abril, em sua totalidade, os efeitos das medidas sobre o setor se intensificaram, com os indicadores industriais mostrando um novo quadro de patamares recordes e declínios sem precedentes em velocidade e intensidade, apesar das políticas de estímulo do governo”, diz o presidente da FIERGS, Gilberto Porcello Petry.
Todos os indicadores que compõem o IDI-RS despencaram em abril em relação ao mês anterior. Apresentaram recordes de queda e nível, o faturamento real (-23,1%), as compras industriais (-25,8%), a utilização da capacidade instalada-UCI (-8,2 pontos percentuais e grau médio de 67,2%) e o emprego (-3,2%). As horas trabalhadas na produção também recuaram ao menor patamar da série e a queda de abril, -10,6%, só não é pior que a de março (-13,7%). Já a massa salarial real mostrou retração inédita, de 10,5%.
Na comparação com abril de 2019, a queda do IDI-RS é ainda maior, recorde histórico: 23,1%. “Mesmo com a flexibilização de algumas medidas restritivas, as perspectivas também não são animadoras. Sinalizam apenas para uma contração menor ou uma alguma recuperação da indústria gaúcha nos próximos meses. Mas, com a dimensão inédita da crise, a continuidade das restrições, a elevada incerteza, as perdas de emprego e renda, o retorno a níveis anteriores aos da pandemia será muito lento”, afirma Petry.
QUADRIMESTRE
No acumulado do primeiro quadrimestre de 2020, a atividade industrial gaúcha fechou com recuo de 8,5% ante o mesmo período do ano passado, desempenho compartilhado por todos os indicadores. As quedas das compras industriais e do faturamento real, de 13,8% e 13,4%, respectivamente, foram, mais uma vez, destaques, acompanhadas pelas reduções nas horas trabalhadas na produção (-9,5%), na UCI (-4,7 pontos percentuais), no emprego (-1,2%) e na massa salarial real (-4,1%).
Quatorze dos 17 setores industriais analisados na pesquisa tiveram perdas intensas nos quatro primeiros meses do ano, em relação ao primeiro quadrimestre de 2019. Veículos automotores (-15,8%), Máquinas e equipamentos (-11,6%), Couros e calçados (-13,1%) e Tabaco (-23,6%) forneceram os maiores impactos negativos. Do lado positivo, mais uma vez Alimentos ajudou a amenizar as perdas, com uma alta de 3,9%.