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Atividade industrial gaúcha cresce 12,3% em setembro

Resultados ainda não apresentam os efeitos da crise mundial

O Índice de Desempenho Industrial (IDI-RS), divulgado nesta terça-feira (dia 4) pela Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), mostra uma expansão de 12,3% em setembro, comparado ao mesmo período de 2007. O resultado representou o 24º mês consecutivo de crescimento, panorama que pode se alterar com o agravamento da crise global, ocorrido a partir de outubro, e ainda não detectado nesta pesquisa.

A acentuada recuperação da atividade industrial se explica, em parte, por este mês ter contado com 22 dias úteis, contra apenas 19 em setembro do ano passado. O presidente da FIERGS, Paulo Tigre, porém, faz um alerta sobre os riscos para o futuro. "O cenário presente ainda é de crédito mais restrito e caro para produtores e consumidores, seja no mercado interno ou internacional. Além disso, os indicadores dos países desenvolvidos sinalizam menor atividade econômica, o que deve se materializar em uma demanda global mais fraca", observa. Para o Rio Grande do Sul, um Estado com perfil exportador, o impacto deverá ser sentido em especial nas vendas externas, com possíveis reflexos na atividade industrial no último trimestre do ano. Outra ameaça para a indústria gaúcha é a queda no preço das commodities, principalmente a soja, e que pode afetar o desempenho do agronegócio e, por conseqüência, toda a cadeia produtiva gaúcha a ela vinculada.

A elevação do IDI-RS no mês de setembro, revelada na última pesquisa deve-se, em grande parte, ao crescimento das variáveis faturamento (12,6%), compras (18,3%) e horas trabalhadas na produção (16%), todas influenciadas pelo maior número de dias úteis este ano.

No acumulado dos primeiros nove meses de 2008, a expansão da atividade industrial gaúcha é de 7,5%, a mais elevada nos últimos oito anos. O bom desempenho se deve a quatro setores que mais puxam o crescimento: Máquinas e Equipamentos (27,3%), Veículos Automotores (16,9%), Produtos de Metal (11,7%) e Alimentos (7,8%). Em contrapartida, as maiores quedas ocorreram em Fumo (- 13,7%), Bebidas (- 4,6%), Couros (- 4,1%) e Químicos

(- 0,6%).

Em sintonia com o nível de atividade industrial no Rio Grande do Sul, o emprego teve uma elevação de 5,3% no Estado, a maior em sete anos. Os setores que mais contrataram até setembro foram Máquinas e Equipamentos (26%), Veículos Automotores (15,1%) e Alimentos (5,7%). O Índice de Difusão do Emprego alcançou 70,4 pontos nos primeiros nove meses de 2008, o que significa que sete em cada 10 empresas gaúchas aumentaram as contratações neste período.

Segmento exportador − Até setembro, o segmento industrial exportador seguiu enfrentando dificuldades decorrentes da valorização cambial verificada na maior parte de 2008. O impacto mais imediato foi sobre o faturamento, que acumula perdas de -2,9% no período. Segundo o presidente da FIERGS, a atividade econômica internacional mais fraca deve limitar a recuperação dos exportadores, mesmo diante de uma desvalorização cambial. "Ainda há embarques cujos contratos foram firmados em outro cenário para a taxa de câmbio e o fechamento de novos contratos ocorre em um ambiente de desconto no preço final em dólar", diz.

Publicado Terça-feira, 4 de Novembro de 2008 - 0h00