Após registrar alta em janeiro e fevereiro, o Índice de Desempenho Industrial (IDI-RS), divulgado nesta quinta-feira (7) pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), teve uma queda recorde de 10,2% em março, feitos os ajustes sazonais. Consequência da pandemia do novo coronavírus, que provocou uma crise na atividade industrial gaúcha. “Os resultados mostram que os custos econômicos para conter a disseminação da pandemia, ainda que de forma parcial, levaram a indústria a um declínio em velocidade e profundidade sem precedentes. E isso é extremamente preocupante. Com a demanda muito fraca e com os impactos das restrições em toda sua extensão, a queda deve se intensificar em abril e novos recordes negativos devem ser observados”, afirma o presidente da FIERGS, Gilberto Porcello Petry.
O presidente da FIERGS ressalta que as expectativas para o setor são pouco animadoras no curto prazo e a recuperação deverá ser lenta e gradual, tornando inevitável um novo declínio em 2020. O resultado do IDI-RS de março supera os -8,7% de maio de 2018 (greve dos caminhoneiros) e os -9,3% de novembro de 2008 (a crise financeira internacional) e leva o nível do índice do mês ao seu mínimo histórico.
Entre os componentes, dois mostraram patamares de recuo sem precedentes: as horas trabalhadas na produção (-13%) e a utilização da capacidade instalada-UCI (-7,9 pontos percentuais), que chegou 74,4% em março, atingindo o piso da série, iniciada em janeiro de 2003. O faturamento real (-7,3%) e as compras industriais (-7,9%) também registraram baixas expressivas. A crise atingiu com força o emprego (-1,9%), que registrou a segunda maior queda desde janeiro de 2003. Apenas a massa salarial real (2,1%) cresceu, mas por conta do pagamento de participação em lucros.
Na comparação com março de 2019, mesmo com três dias úteis a mais em 2020, a atividade industrial no Rio Grande do Sul registrou a maior contração desde maio de 2018: -6,5% . Com mais essa queda, o IDI-RS fechou o primeiro trimestre com retração de 3,3% ante os primeiros três meses do ano passado. Todos os componentes do índice confirmam o cenário de contração: compras industriais (-5,4%), faturamento real (-4,7%), horas trabalhadas na produção (-3,6%), UCI (-2,1 pontos percentuais), emprego (-0,2%) e massa salarial real (-2,0%).
Na análise por setor, recuo da atividade industrial no primeiro trimestre ocorreu na maioria das atividades analisadas, com variação negativa em 10 das 17 abrangidas pela pesquisa. Máquinas e equipamentos (-10,7%) e Veículos automotores (-4,1%) foram os setores com os maiores impactos negativos para o resultado. Tabaco (-22,1%), Químicos e refino de petróleo (-1,8%) e Couros e calçados (-1,5%) também influenciaram negativamente.
Em sentido contrário, Alimentos (5,1%), Produtos de metal (3,5%), Borracha e plásticos (2,5%) e Bebidas (1,5%) trouxeram as maiores contribuições positivas.
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