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Aumento dos impostos adia retomada da indústria

Os impactos do pacote para alcançar o equilíbrio fiscal, apresentado neste mês pelo governo federal, preocupam o setor produtivo gaúcho. "As medidas anunciadas tendem a penalizar ainda mais a atividade industrial, que acumulou forte queda em 2014. Entendemos que o ajuste das contas públicas é necessário, mas deveria ser feito por meio de corte nos gastos. A elevação dos custos de produção através de impostos posterga a perspectiva de uma retomada mais consistente da indústria para depois de 2015", afirmou o presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), Heitor José Müller.
 
O industrial destacou que a carga tributária passou de 30% do Produto Interno Bruto (PIB), em 2000, para 37%, em 2014. “Isso revela que, ao longo dos últimos anos, a arrecadação de impostos cresceu de maneira muito mais expressiva do que a economia brasileira. Por outro lado, a situação fiscal do País e a oferta de serviços públicos e os investimentos não acompanharam esse avanço”, argumentou Müller.
 
De acordo com o presidente da FIERGS, a elevação dos impostos anunciada vai gerar mais desvantagens para a já combalida competitividade das empresas gaúchas frente a dos outros Estados e do Exterior. “O custo com a volta da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), que incide sobre os combustíveis, e o reajuste da energia elétrica será maior do que um eventual ganho com a barreira a produtos e componentes importados, também alvo do pacote”, analisou. O dirigente salientou que, além de ter um piso salarial regional acima do valor nacional, o Rio Grande do Sul sofre pela distância dos mercados consumidores mais importantes, como o Sudeste e os emergentes do Nordeste. “A alta dos combustíveis, por exemplo, encarecerá o frete”, disse. 
 
“O Brasil tende a evoluir ainda menos por conta dessas medidas”, lamenta Müller. Lembrou que o Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou recentemente o crescimento projetado para o País, rebaixando a expectativa de 1,4% (nas previsões realizadas em outubro de 2014) para 0,3%. “Esperamos que esse pacote traga à tona a urgência do debate em torno de uma profunda reforma no setor público, que gasta de maneira ineficiente. Somente assim será possível interromper a trajetória crescente de aumento de impostos, que tanto penaliza a indústria. O governo precisa apresentar um projeto de médio e longo prazo que busque ampliar a competitividade da economia brasileira", ponderou.
Publicado quinta-feira, 22 de Janeiro de 2015 - 16h16