Você está aqui

Brasil precisa de investimento em capital fixo para crescer mais

Economista Eduardo Giannetti disse na FIERGS que o ritmo atual da demanda é insustentável

O economista e cientista social Eduardo Giannetti afirmou na FIERGS que o país precisa apostar fortemente em capital fixo (educação, qualificação, infra-estrutura e bens de capital) se quiser alcançar um crescimento sustentado. "O que houve até agora foi uma recuperação do crescimento, ou seja, estamos apenas preenchendoa ociosidade dos setores produtivos. Com o aumento do consumo das famílias, o investimento do setor privado, os atuais gastos públicos e a demanda externa, há um grande descompasso com a oferta. As empresas estão caminhando para a utilização da capacidade instalada total", destacou durante a reunião de Diretorias da entidade, na última terça-feira. Giannetti salientou que se o Brasil insistir neste modelo as conseqüências são o aumento das importações e inflação. "Se não agirmos, viramos uma Argentina", garantiu.

Por outro lado, o economista PHd em Cambridge elogiou a atual política do Banco Central. "A receita para a redução da demanda se dá pelo aumento do juro básico. O que podemos discutir é a dosagem", disse, lembrando também que o Estado brasileiro gasta muito e que o ambiente de negócios tem um horizonte muito curto. "A taxa de investimento do Brasil em capital fixo é hoje 18% do PIB, enquanto a China apresenta 40%, a Coréia do Sul, 30%, a Índia, 28%, e o Chile, 23%. Precisamos transferir recursos do presente para o futuro", aconselhou.

Com relação à crise econômica mundial, Giannetti acredita que a turbulência não afetará o Brasil. "São os fatores internos que restringem o nosso crescimento", declarou. Ele disse que o país está seguro devido ao comércio exterior, ao preço das commodities e por hoje ser um credor líqüido e ter recebido o Investment Grade. "A má notícia é que, mesmo assim, as nossas perspectivas de crescimento econômico sustentado são medíocres", garantiu. As projeções para este ano são de 4,5% e entre 4% e 4,5% em 2009, segundo o economista. "A saída para crescer mais é elevar a poupança interna, começando pelas ‘despoupanças‘ (gastos) estatais", destacou.

Giannetti também afirmou que entre as reformas, a que, na sua opinião, é prioritária é a trabalhista. Ele criticou o atual regime tributário brasileiro, que leva à clandestinidade e à inadimplência.

Publicado quarta-feira, 13 de Agosto de 2008 - 0h00