Indústrias do Rio Grande do Sul vêm reduzindo o uso total de energia elétrica , estimado em 6,5 gigawatts-hora (GWh) ao ano. O dado é resultado do convênio firmado entre a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS) e a Eletrobras, que implementou medidas de eficiência energética em empresas do setor no Estado, e foi apresentado nesta terça-feira, em workshop na entidade.
Por meio de três convênios sucessivos, assinados em 1997, 2002, e 2008, tornou-
se possível multiplicar o conceito da boa utilização da energia, orientar a execução de planos individuais para eliminar o desperdício de energia nos processos das indústrias localizadas em território gaúcho.
O presidente da FIERGS, Heitor José Müller, destacou que o evento trata de um momento crítico para o desenvolvimento industrial de qualquer país: a oferta de energia e seu uso eficiente. "As duas questões estão no lastro da competitividade brasileira e especialmente do Rio Grande do Sul. Aqui, como Estado geograficamente localizado no extremo do Brasil, hoje temos uma dependência de mais de 60% da energia que vem de fora", avaliou.
De acordo com o diretor de geração da Eletrobras, Valter Luiz Cardeal de Souza, o projeto realizado com a FIERGS marcou uma mudança de paradigma. Ele defendeu "o uso racional, com conservação e economia de energia, que será cada vez mais difícil de ser gerada e cara".
O convênio, encerrado em dezembro de 2013, teve como foco a implementação de ações de eficiência energética nas indústrias, com medições realizadas pelos próprios técnicos das plantas, capacitados com esse objetivo. As providências de eficiência energética ocorreram nos chamados sistemas motrizes, que correspondem a instalações elétricas, motores, transmissão e instalações mecânicas, além de compressores, bombas, ventiladores e o uso final da energia. Em 2012, o setor industrial foi responsável por mais de 40% do consumo de energia elétrica no Brasil.
Neste trabalho, segundo o gerente do Departamento de Projetos de Eficiência Energética da Eletrobras, Fernando Perrone, com a otimização dos sistemas, o tempo médio de retorno dos investimentos para os empresários ficou em um ano. "Além da troca dos equipamentos do sistema, ações relacionadas à instalação, operação e manutenção também devem ser avaliadas. Em alguns casos, o investimento de capital feito pelo empresário foi nulo", disse.
No Rio Grande do Sul, foram treinados 21 multiplicadores (professores e consultores locais), em um curso de 188 horas especialmente criado para o convênio. Após a capacitação, os agentes elaboraram relatórios de autodiagnósticos energéticos de suas empresas. Participaram do programa 83 indústrias, 39 delas implementaram as medidas de eficiência indicadas nos relatórios. Quatro delas − dos subsetores metal, mecânico, plásticos e bebidas − acabaram selecionadas para serem casos de sucesso, com o objetivo de replicar as ações.
Os exemplos das indústrias FFS Filmes, Forjasul, Copé e CVI foram apresentados no workshop. As empresas também receberam certificados.