O ano começa com um cenário favorável para a indústria gaúcha, com indicadores de volume de produção e de emprego em alta. O resultado está apontado na última pesquisa da Sondagem Industrial, referente ao quarto trimestre do ano passado, e divulgada nesta quarta-feira (dia 30), pela Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS). O levantamento, que ouviu 102 industriais de micros, médias e grandes empresas, no período de 2 a 22 de janeiro de 2008, portanto período anterior ao agravamento da crise norte-americana, apontou que o Índice de Confiança é o maior desde 2005, mas apresentou também insatisfação no que se refere à margem de lucro, insuficiente para a cobertura de custos e investimentos para ampliação das plantas e contratações.
"Apesar do resultado não capturar a influência da crise na economia norte-americana, seria ingênuo pensar que os empresários ignoram uma possível desaceleração naquela economia. Porém, o que todos desconheciam, e ainda desconhecem, é qual será sua magnitude e quão prolongada será essa desaceleração", comentou Paulo Tigre, presidente da FIERGS.
A pesquisa qualitativa registra a avaliação do trimestre, as expectativas para os próximos seis meses e os principais problemas enfrentados pela indústria no Estado, além de calcular o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI-RS), cuja pontuação varia de 0 a 100. Valores abaixo de 50 revelam pessimismo e, acima disso, apontam confiança na melhora do cenário.
Os indicadores relacionados ao nível de atividade situaram-se pelo terceiro trimestre consecutivo acima dos 50 pontos, com 59 para volume de produção e 53 para o emprego, um aumento em relação ao mesmo trimestre nos dois últimos anos. Em igual período de 2006, por exemplo, os números ficaram em 54 pontos (produção) e 49 pontos (emprego). No terceiro trimestre de 2007, foram de 58 e 52, respectivamente. O mesmo desempenho, porém, não foi acompanhado pelas condições financeiras das indústrias. Boa parte dos entrevistados (43 pontos) considerou a lucratividade insatisfatória no quarto trimestre.
Apesar do cenário econômico favorável, não foram poucos os problemas enfrentados nos três meses de avaliação da pesquisa. Segundo os empresários, eles estiveram localizados principalmente na elevada carga tributária (na opinião de 70% dos entrevistados), na taxa de câmbio (44%) e na competição acirrada (44%).
A Utilização da Capacidade Instalada, por sua vez, alcançou 78%, o maior resultado da série. Já a expectativa dos industriais para o próximo semestre é de evolução da demanda (61 pontos), de compra de matéria-prima (61 pontos) e do número de empregados (57 pontos), impulsionados especialmente pelo mercado interno. Em relação às exportações, o resultado chegou aos 50 pontos, o que representa uma perspectiva de estabilidade para os próximos seis meses.
Também construído com base na Sondagem Industrial, o ICEI-RS registrou 62 pontos, o melhor resultado dos últimos três anos, sinalizando que a trajetória de expansão da indústria gaúcha deverá se manter nos próximos seis meses.
A próxima sondagem, que será divulgada em abril, deverá manifestar como essa turbulência na economia americana influencia as expectativas dos industriais gaúchos.
