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Crise dá lição de competitividade ao Brasil, afirma Tigre no Senado

Diminuir impostos sobre produtos, zerar a tributação das exportações e desonerar os investimentos. Estes foram os principais pontos defendidos pelo presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), Paulo Tigre, em audiência pública no Senado, nesta terça-feira, em Brasília. A importância da implementação destas questões para o fortalecimento econômico e social do Brasil, segundo o industrial, vem sendo verificada com a chegada da crise. "As medidas adotadas para amenizar os efeitos da tempestade internacional são algumas daquelas que, há muito tempo, o empresariado defende. Sem ser atendido e, às vezes, sem ser ouvido", disse, referindo-se ao recente corte do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de veículos, eletroeletrônicos e material de construção. "Se essa e outras lições forem assimiladas, certamente a economia brasileira ficará melhor e irá superar este momento de dificuldades. Podemos afirmar que a crise trouxe para o Brasil uma grande lição de competitividade".

Segundo o presidente da FIERGS, com a turbulência global forçando o governo a diminuir os impostos, mesmo que apenas em alguns segmentos, a tese de sua utilização como ferramenta eficaz de crescimento vem sendo comprovada na prática. "O empresariado, durante os períodos de normalidade e crescimento econômico, sempre buscou convencer as autoridades de que a redução dos tributos pode elevar a arrecadação e o emprego pelo simples fato de estimular o consumo", enfatizou Tigre na Comissão de Acompanhamento da Crise Financeira e da Empregabilidade, a convite do senador Francisco Dornelles. "Agora temos a oportunidade de acertar a nossa casa para esse mundo real pós-crise. Temos que olhar para a frente e decidir quais os pontos a serem modernizados e quais as reformas estruturais urgentes para o Brasil".

De forma pontual, Tigre listou as medidas anticrise necessárias para serem realizadas pelo governo federal: destravamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC); agilização dos recursos em logística para a modernização da infraestrutura nacional; manutenção dos investimentos da Petrobras e Eletrobrás; e redução dos gastos públicos em rubricas que não envolvam os investimentos mais importantes para o Brasil. Em relação aos itens que os parlamentares têm influência direta, citou o cadastro positivo dos contribuintes; a reestruturação do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência; agilização do processo licitatório; combate às fraudes da previdência social; a lei das agências reguladoras; e a regulamentação do licenciamento ambiental.

ESTRATÉGIA

Outro ponto destacado foi a força do mercado interno como uma estratégia para bloquear os efeitos negativos de origem externa, sem deixar de implementar uma política agressiva de comércio internacional. "As duas propostas se complementam".

SEGMENTOS

As dificuldades enfrentadas pela indústria gaúcha, relatou Tigre, não são diferentes daquelas que atingem outras regiões do território brasileiro, mas possuem certas peculiaridades. Desta forma, a FIERGS entregou as manifestações de 23 segmentos industriais do Estado sobre as consequências da turbulência global e as demandas para minimizar os seu efeito. São eles: eletroeletrônico, arroz, carvão, curtumes, vestuário, artigos de couro, ônibus, móveis, adubos, carnes, metal-mecânico, artefatos de borracha, calcário, calçados, fármacos, laticínios, tabaco, indústria gráfica, papel e celulose, suínos, trigo, brinquedos e vinho.

BUROCRACIA

Tigre finalizou sua apresentação abordando "o custo invisível da burocracia". Conforme ele, o relatório de competitividade "Brasil 2009", do Fórum Econômico Mundial, coloca a burocracia como um dos primeiros entraves ao desenvolvimento do País. "Tudo que fizermos para a redução da carga tributária sobre os cidadãos, os contribuintes e as empresas estaremos fazendo pelo desenvolvimento sustentado do Brasil".

Publicado Terça-feira, 5 de Maio de 2009 - 0h00