Você está aqui

Enfim, os 920 metros de pista

Por inúmeras razões a conclusão das obras de ampliação da pista do aeroporto Salgado Filho, na Capital, deve ser saudada por todos os rio-grandenses. A principal delas é o fim da angústia de saber o custo que representou para a economia gaúcha o impedimento do maior aeroporto do Estado de receber aeronaves de grande porte porque faltavam apenas 920 metros de pista.

Em 2021, os produtos do Rio Grande do Sul responderam pela parcela de 4,96% do valor exportado via aérea pelo Brasil. Contudo, menos de 1% deste montante saiu pelo Salgado Filho devido a essa deficiência. O restante das mercadorias seguiu via rodoviária para outros Estados onde, então, foram embarcadas para o Exterior.

Em 2006, reunidas na FIERGS, as principais entidades do Estado desenharam a Agenda 2020, movimento que buscava alternativas para o desenvolvimento do RS. E lá estava essa obra como uma das "manchetes" preferenciais para se ler no então "distante" ano de 2020, ou seja, o prolongamento da pista do Salgado Filho. Uma prioridade que demorou 16 anos para ser concretizada.

Nesse período, os governos investiram vultosos recursos, por exemplo, nas obras da Copa do Mundo e da Olimpíada, ocorridas no Brasil. Mas foi preciso a privatização do aeroporto para efetivar os investimentos necessários na ampliação da pista e na modernização dos terminais de carga e áreas de embarque.

Infelizmente, inúmeras demandas importantes do Rio Grande do Sul ainda não conseguem sair das pranchetas dos engenheiros e arquitetos. A segunda ponte do Guaíba está incompleta. As duplicações das rodovias se arrastam. A cobertura do esgotamento sanitário ainda é baixa. E o atual período de estiagem mostrou o quanto são essenciais os programas de irrigação.

Se compararmos o valor desses investimentos necessários com as perdas que temos em não realizá-los - o denominado "custo de não fazer" encontraremos, certamente, uma forte razão que explica as dificuldades de crescimento do Estado. Portanto, temos que encurtar a distância entre o objetivo e a viabilização de como chegar lá, para que realmente a sociedade gaúcha possa, enfim, decolar.

Artigo do presidente da FIERGS, Gilberto Porcello Petry, publicado no jornal Zero Hora no dia 21 de março de 2022

Publicado segunda-feira, 21 de Março de 2022 - 9h09