Estudo contratado pelo Fórum Sul e pelas distribuidoras de energia (SCGás, Sulgás e Compagas) confirma a demanda por gás na região. Hoje, o mercado industrial do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e Paraná consome em média 3,7 milhões de m³ por dia, mas tem potencial absorver de 11,28 milhões m³ por dia, mostra trabalho realizado pela consultoria Gas Energy, e apresentado nesta sexta-feira (5), em Florianópolis. Além da FIERGS, integram o Fórum a Fiep e a Fiesc. O trabalho também envolveu as três distribuidoras de gás natural da região.
O potencial de 11,28 milhões de m³/dia consideram 4,11 milhões para o Paraná, 2,57 milhões para Santa Catarina e 4,6 milhões para o Rio Grande do Sul em novos projetos, mercado de substituição, expansão, além do atual consumo. Dos estados que tem gás, os da região Sul são os três piores em termos de disponibilidade, levando em consideração de oferta sobre o PIB industrial, explica o diretor da Gás Energy, Marco Tavares.
Considerando o consumo de gás em outros segmentos como termelétricas e refinarias o consumo do Sul, hoje ao redor de 7 milhões de m³, poderia passar para 30 milhões de m³, explica Tavares. Ele acrescenta que para isso é necessário observar questões como as condições de competitividade e prazos da oferta do insumo. “Na indústria de gás natural a oferta faz a sua própria demanda. Na medida em que tem oferta disponível, as empresas e os novos projetos começam a ser orientados para esse tipo de combustível”, diz.
Em relação às alternativas, além da ampliação da capacidade do Gasoduto Bolívia – Brasil, existe a possibilidade de trazer o combustível na forma liquefeita (GNL), de navio, o que permite atender grandes volumes. O Brasil já tem essa operação na Bahia, no Ceará e no Rio de Janeiro. Uma opção é a construção de terminal de regaseificação no Rio Grande do Sul, que teve projeto aprovado em novembro e previsto para entrar em operação em 2019. Uma terceira alternativa seria o gás sintético, a partir da gaseificação do carvão.
Para o estudo foi realizada uma pesquisa de campo com 450 indústrias dos três estados que consomem gás em sua atividade produtiva. “Identificamos projeto a projeto, empresa a empresa. Hoje o potencial de consumo tem nome e endereço”, diz Tavares, lembrando que essa é uma informação importante para o Ministério de Minas e Energia (MME) para a tomada de decisão sobre investimentos.
Histórico: Em fevereiro, durante reunião com o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia (MME), Márcio Zimmermann, o Fórum Sul, os coordenadores das bancadas federais dos três Estados e representantes da SCGás, Sulgás e Compagas defenderam a inclusão de projetos de gás natural para a região no Plano Decenal de Expansão da Malha de Transporte Dutoviário (Pemat, ciclo 2013-2022), o planejamento de longo prazo para a área. No final de março, as entidades receberam a informação de que as propostas do Sul não foram contempladas no Pemat. Em abril foi criado um grupo de trabalho no MME para estudar os investimentos no Sul. Além do Ministério de Minas e Energia, integram o grupo representantes da FIERGS, Fiesc e Fiep, distribuidoras de energia, além de EPE (Empresa de Pesquisa Energética), ANP (Agência Nacional do Petróleo), Petrobras e TBG.
“O gás natural é um combustível limpo e de preço competitivo. Poderá levar a região a alcançar novos patamares de modernização e desenvolvimento, através da utilização desse insumo no processo produtivo”, afirmou o presidente da FIERGS, Heitor José Müller. Para o dirigente da Fiesc, Glauco José Côrte, “a mobilização é inédita, com a participação de todos os atores envolvidos com o tema, e que já está trazendo importantes resultados na busca de solução para os problemas de abastecimento de gás no Sul”. Segundo o presidente da Fiep, Edson Campagnolo, “com este movimento, as três Federações das Indústrias do Sul apresentam subsídios importantes para que a região possa ser melhor atendida em uma questão fundamental para seu desenvolvimento. Hoje, o fornecimento eficiente de gás natural é um diferencial para a atração de investimentos, já que o uso desse insumo representa uma vantagem competitiva para indústrias de vários setores”.