A crise provocada pelo coronavírus passa a influenciar as projeções da indústria gaúcha, aponta a Sondagem Industrial do RS, divulgada nessa segunda-feira (30) pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS). Todos os índices de expectativas seguiram acima dos 50 pontos em março – a pesquisa foi realizada entre os dias 2 e 11 –, o que significa que os empresários gaúchos ainda preveem crescimento para os próximos seis meses, mas com menor otimismo do que o demonstrado em fevereiro, talvez já antecipando alguns dos impactos da crise do coronavírus. Com exceção do índice de exportações, que subiu de 55, em fevereiro, para 55,6 pontos, em março, os demais caíram. A demanda, de 63,8 para 59,6 pontos; o emprego, de 57,1 para 54,1, e compras de insumos e matérias-primas, de 62 para 56,9. “É impossível manter a mesma expectativa para o ano de 2020 diante do quadro atual. Com fábricas fechadas, produção parada e demanda baixa, as indústrias reavaliam seus projetos e calculam as perdas. Nas próximas semanas, teremos uma visão mais clara dos impactos dessa crise”, diz o presidente da FIERGS, Gilberto Porcello Petry.
Junto com as expectativas, caiu também a chance de realizar investimentos nos próximos seis meses. O índice de intenção atingiu 55,1 pontos em março, dois abaixo do valor de fevereiro, mas 5,7 acima da média histórica. Isso significa que, apesar da queda, a disposição para investir ainda é elevada.
Porém, quando avaliados os indicadores de fevereiro da atividade, emprego e nível de estoque, a Sondagem Industrial apresenta resultados positivos. O indicador de produção, em 50,1 pontos, ficou muito próximo dos 50, o que significa estabilidade em relação a janeiro, em linha com o desempenho esperado pela sazonalidade. Já o emprego, 54,2 pontos, cresceu de forma mais intensa do que a sugerida pela sazonalidade do período. Medido de zero a cem pontos, o indicador acima de 50 mostra crescimento ante o mês anterior.
O que também subiu no levantamento referente a fevereiro foi a Utilização da Capacidade Instalada (UCI) das fábricas: atingiu 71%, quatro pontos percentuais acima de janeiro. Mesmo assim os empresários a consideraram abaixo da usual: o indicador de UCI em relação à usual, em 46,7 pontos, ficou aquém do mínimo considerado satisfatório de 50 pontos.
A Sondagem mostrou estoques de produtos finais ajustados no mês passado. O indicador em relação ao planejado (49,7 pontos) ficou muito próximo dos 50, revelando estoques dentro do esperado pelas empresas para o mês.
A pesquisa foi realizada com 205 empresas, sendo 44 pequenas, 63 médias e 98 grandes. Acompanhe o resultado completo, bem como a série histórica e a metodologia.