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Exportações da indústria aumentam 28% em reais

Valorização do dólar amenizou efeitos da crise mundial no último trimestre

O dólar valorizado no último trimestre de 2008 possibilitou que a receita das exportações em reais aumentassem, amenizando os efeitos da crise internacional. As vendas externas das indústrias gaúchas somaram R$ 8,7 bilhões, um acréscimo de 28% em relação ao mesmo período de 2007, e responderam por 96% dos embarques totais do Estado. Os setores que obtiveram uma boa performance foram: Refino de Petróleo (aumento de 181,3%), Fumo (69,7%), Material elétrico e de Comunicação (44,4%), Têxteis (33,0%) e Alimentos e Bebidas (25,7%).

"Esse cenário não deve prevalecer em 2009. As exportações em dólares deverão retrair ainda mais e é possível que nem mesmo o câmbio favorável seja capaz de garantir o crescimento das receitas em reais", afirmou o presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), Paulo Tigre, nesta quinta-feira (15), ao divulgar a balança comercial gaúcha. Segundo o industrial, um forte indicador da redução das vendas externas nos próximos meses são as concessões de Adiantamentos sobre Contratos de Câmbio (ACC´s), que continuam em nível abaixo de setembro. "Esse resultado mostra que as dificuldades para as exportações deverão continuar", disse Tigre.

Quando analisado em dólares, o resultado do setor industrial é menos animador. Nos últimos três meses do ano, os embarques da indústria cresceram apenas 9,1% na comparação com o mesmo período de 2007, somando US$ 3,4 bilhões. "A desaceleração em dólares já era esperada devido a retração da atividade econômica mundial, ao menor crédito e à diminuição nos preços internacionais", afirmou o presidente da FIERGS.

Quase todos os segmentos mostraram desaceleração em dólar. O mais afetado foi Metalurgia básica (principalmente barras e ligas de ferro e aço), que desabou 42% devido ao adiamento e cancelamento de investimentos, principalmente de novas plantas industriais e de obras de infraestrutura. Material de Transporte recuou 21,9% em decorrência dos efeitos da crise internacional nas montadoras e no grupo de autopeças. O setor de Madeira caiu 20,8%, pois seus principais mercados compradores - Alemanha, Itália e Holanda − reduziram as demandas com as turbulências econômicas globais. Já, as exportações totais do Estado retraíram 1,3% no quarto trimestre, totalizando US$ 4 bilhões, ante os três últimos meses de 2007.

No acumulado de 2008, os embarques da indústria gaúcha tiveram uma elevação de 24,2% e chegaram a US$ 16,2 bilhões, em comparação com o mesmo período de 2007, reflexo do aquecimento dos mercados externo e interno nos primeiros meses do ano passado. Os melhores resultados vieram dos segmentos de Alimentos e Bebidas (US$ 4,5 bilhões), Fumo (US$ 2 bilhões), Material de Transporte e Químicos (US$ 1,8 bilhão), Couro e Calçados (US$ 1,7 bilhão) e Máquinas e Equipamentos (US$ 1,6 bilhão). O setor coureiro-calçadista, no entanto, decresceu suas exportações em 6% em 2008 e sua participação junto às vendas totais caiu de 12% para 9%, passando da segunda colocação em participação na pauta de 2007 para a quinta no ano passado. As importações registraram uma majoração de 43% (US$ 14,5 bilhões). A corrente de comércio atingiu o maior valor da história, cerca de US$ 33 bilhões.

Os principais destinos dos produtos gaúchos no ano foram Estados Unidos (13,4% de participação), China (10,4%), Argentina (8,8%) e Rússia (4,6%). O Estado fechou 2008 em quarto lugar no ranking nacional das exportações, respondendo por 9% das vendas. Desde novembro, a terceira posição vem sendo ocupada pelo Rio de Janeiro (10%). São Paulo lidera com 29% de participação, seguido por Minas Gerais (12%).

Por intensidade tecnológica, os produtos de alta tecnologia tiveram uma variação negativa de -11% no acumulado de 2008, ante o mesmo período de 2007. Os produtos de média-alta apresentaram uma elevação de 14%. Na baixa tecnologia, o crescimento foi de 20%, enquanto na média-baixa o incremento chegou a 11%.

Publicado quinta-feira, 15 de Janeiro de 2009 - 0h00