Pesquisa Sondagem Industrial Especial RS sobre mercado de insumos e matérias-primas, divulgada nessa quinta-feira (29) pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), revela que 46,9% das empresas têm dificuldades para atender seus clientes no país. Dessas, 6,3% admitem que grande parte da demanda não está sendo atendida, e apenas 53% conseguem dar resposta sem dificuldades. A falta de estoques e a demanda superior à sua capacidade produtiva são as maiores causas apontadas para não atender os pedidos, atingindo 59,4% e 45,8%, respectivamente. A dificuldade se torna ainda maior com a impossibilidade de 31,3% delas de aumentar a produção, em primeiro lugar, por conta da falta de insumos e matérias-primas. “É o maior entrave atualmente à produção industrial. O problema da escassez de insumos atinge 90% das empresas incluídas nesse grupo e que, no momento, não podem aumentar a produção”, diz o presidente da FIERGS, Gilberto Porcello Petry. Mas também a falta de recursos financeiros e/ou capital de giro contribui, sendo a segunda razão mais apontada para a incapacidade de produzir no momento: 23,3%. Para 10%, o motivo é a falta de trabalhador qualificado.
De fato, 70% das empresas gaúchas afirmam enfrentar dificuldades em conseguir insumos ou matérias-primas no mercado doméstico, e 26,6% revelaram que elas são muito grandes. Segundo a pesquisa, os principais motivos são a falta de estoques do fornecedor, 61,4% das respostas, a demanda maior que a capacidade do fornecedor, 59,3%, e os preços elevados, sejam por razões de oferta e demanda (49%) e/ou da taxa de câmbio (33,8%).
Mais de 64% das indústrias gaúchas utilizam insumos ou matéria-prima importados, mostra a Sondagem Especial e, desse grupo, 64% admitem enfrentar dificuldades para obtê-los atualmente. Isso se dá especialmente pela falta de estoques ou o tempo de produção elevado que o fornecedor necessita, afetando 58,8% das empresas que enfrentam esse problema. Mas a demanda maior do que a capacidade de produção desse fornecedor (para 38,8% das empresas) e problemas de logística (para 29,4%) também se revelaram entraves relevantes. "A paralisação das atividades econômicas provocada pela pandemia desorganizou as cadeias produtivas em todo o mundo, somente essa questão já seria o suficiente para impactar a produção, mas tivemos também uma intensa desvalorização cambial, o que impulsionou os custos de produção", acrescenta o presidente da FIERGS.
PREVISÃO
Para pouco mais da metade das empresas consultadas na pesquisa, a normalização no atendimento aos clientes no país não deve ocorrer em menos de três meses, podendo levar até seis em alguns casos. Esse é o prazo que 52,6% das empresas projetam para a solução dos problemas de atendimento à demanda e que 55,2% e 60% avaliam como necessário, respectivamente, para a regularização do mercado doméstico e externo de insumos e matérias-primas. A pesquisa consultou 207 empresas, sendo 40 pequenas, 66 médias e 101 grandes, entre 1º e 14 de outubro. Informações completas podem ser acessadas aqui.